Marques Mendes: “O próximo Orçamento do Estado vai ser altamente eleitoralista”
Numa leitura da entrevista de António Costa, o comentador disse que o Governo está em alta e já está em campanha eleitoral. Classificou de inteligente haver uma palavra para a geringonça e para o PSD.
O próximo Orçamento do Estado vai ser altamente eleitoralista, concluiu Luís Marques Mendes da leitura da entrevista deste fim de semana, do primeiro-ministro ao Jornal Expresso (acesso pago). Marques Mendes considera que “o Governo está em alta” apesar de todas as crises que te enfrentando e lamenta a “insensibilidade” de António Costa para a temática dos incêndios.
“A entrevista ao Expresso foi campanha eleitoral”, defendeu Marques Mendes, no espaço semanal de comentário na Sic. Sublinhando que o primeiro-ministro surge “tranquilo, confiante e muito seguro de si próprio”, e que a entrevista é “consistente”, o comentador defende que “a grande novidade é o próximo Orçamento do Estado ser altamente eleitoralista” e elaborado com o propósito do “Governo ganhar eleições”. E dá exemplos:
- Mais dinheiro para a Cultura, “para responder às críticas dos agentes culturais que se revoltaram contra o Governo”, diz Marques Mendes. “A Cultura terá o seu maior orçamento de sempre e será orientado para o apoio à criação artística, para o ensino artístico e para a valorização da política da língua e do património histórico”, disse António Costa ao Expresso.
- Mais dinheiro para a Ciência, para responder ao manifesto dos cientistas, sublinha o comentador. “Vamos ter mais investimento na ciência, para assegurar que o investimento em investigação e desenvolvimento entre público e privado atinge 1,5% do PIB, meta que fixámos para 2030”, anunciou o primeiro-ministro.
- Incentivos fiscais para os jovens que estão emigrados regressarem, uma das áreas que tem sido caras ao PSD, lembra Marques Mendes. “Vamos ter um programa muito forte de atração da população mais jovem que se viu obrigada a emigrar durante os quatro anos de austeridade violenta e que terá fortes incentivos para regressar nos próximos dois anos”, disse Costa, que foi mais longe defendendo a necessidade de as empresas fazerem a sua parte e alterarem as suas políticas de remuneração.
- Um programa de incentivo ao investimento no interior, “retirando das mãos do PSD uma das suas poucas bandeiras”, frisou Marques Mendes. “Vamos continuar a apostar nas políticas relativas ao interior, quer do ponto de vista do investimento quer do ponto de vista dos incentivos fiscais”, disse o primeiro-ministro, acrescentando que “os benefícios fiscais serão indexados ao número de postos de trabalho criados e, no limite, pode chegar a uma coleta zero”.
- Medidas para a Função Pública. “Não tenho nenhuma razão para achar que as negociações não vão ser bem-sucedidas”, disse António Costa quando questionado se os 350 milhões de euros são o teto definido para o aumento dos funcionários do Estado.
- “Medidas que venham a resultar das negociações com a esquerda“, lembrou Marques Mendes, numa referência às negociações para a descida do IVA da eletricidade, atualmente em 23%.
- E “um pequeno desagravamento fiscal que o Governo tem intenção de fazer”, concluiu o comentador.
Para Marques Mendes, António Costa nesta entrevista fez “a quadratura do círculo” já que falou para a geringonça, dando a entender que a solução governativa é repetível numa próxima legislatura, mas também “uma palavra para o PSD”, dando a entender que “poderá haver um entendimento”, não deixando de sublinhar a necessidade de o PS ter mais votos. “Dá uma palavra para todos. No fundo ao pedir mais votos o que ele quer é maioria absoluta. Ele próprio não a vai pedir, mas outros na sociedade o vão pedir”, sublinhou o antigo líder do PSD. Para o comentador “a maioria absoluta do PS não é impossível, mas é difícil”.
Na avaliação de Marques Mendes, “o Governo está em alta”, tanto em termos de performance como de sondagens. E esse desempenho é possível apesar da contestação ao nível da saúde, educação, comboios, de Tancos, porque “a economia esta a crescer e o desemprego a baixar”, mas também “por falta de oposição” que “quando existe é pouco credível e não se afirma como alternativa”.
Marques Mendes deixou ainda uma forte crítica à atuação do Governo nos incêndios de Monchique pela insensibilidade que demonstrou quando, a meio da semana, disse que o incêndio de Monchique era “uma exceção”. “Ouvir o Governo que isto foi uma grande vitória, quando este foi o maior incêndio florestal de toda a Europa. Não havia necessidade”, disse o advogado. Para Marques Mendes o Governo fez “um aproveitamento político da tragédia”, uma crítica que costuma fazer à oposição. “Embandeirar em arco porque não houve vidas humanas é politiquice”, concluiu.
(Notícia atualizada com mais informação)
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