Juros dos depósitos em mínimos. Bancos dão dez vezes menos que a inflação
Mês após mês, os juros oferecidos pelos bancos nas aplicações a prazo caem. A dimensão da descida já não impressiona, mas a taxa sim. Está dez vezes abaixo da inflação esperada para 2019.
Poupar? Cada vez mais, os portugueses estão a preferir gastar. Gastam as poupanças, mas também mais o dinheiro que não têm — prova disso são os recordes no crédito, seja à habitação, seja ao consumo. E uma das razões para não estarem a amealhar é a baixa atratividade dos juros oferecidos no produto preferido — os depósitos a prazo. Mês após mês, os juros oferecidos pelos bancos renovam mínimos, estando já dez vezes abaixo daquela que é a taxa de inflação estimada para o próximo ano.
Julho voltou a ser um mês de queda nas taxas oferecidas pelas instituições financeiras às novas operações de depósito. De acordo com os dados do Banco Central Europeu (BCE), o juro médio praticado pelos bancos na aplicação de novos montantes a prazo encolheu de 0,16% em junho para os 0,15% no mês seguinte. É, novamente, um recorde, sendo a taxa mais baixa de um histórico cujo início remonta a janeiro de 2000.
A explicação para este nível mínimo histórico dos juros praticados pelos bancos é simples: o BCE, apesar de ter agendado para este ano o fim do programa de estímulos à Zona Euro, nomeadamente a compra de dívida soberana e de empresas, continua com uma política monetária extremamente expansionista. Resultado? Com a taxa diretora em 0%, mas principalmente a taxa de depósitos em -0,4%, as Euribor mantêm-se negativas. Assim, os juros pagos pelos bancos aos seus clientes mantêm-se sob pressão.
Os bancos nacionais estão, no entanto, a pagar bem menos do que a média da Zona Euro, numa altura em que procuram diminuir ao máximo os encargos com o financiamento para conseguirem aumentar as margens nos financiamentos — ao mesmo tempo que aumentam as receitas com comissões.
Juros dos novos depósitos tocam novo mínimo
Fonte: BCE
A taxa média destas novas aplicações há muito que está bem abaixo daquela que é a taxa de inflação. Mas em julho agravou-se a tendência, levando a que os juros que são auferidos pelos depositantes representam apenas um décimo daquele que é o aumento do custo de vida estimado para o próximo ano. O Banco de Portugal aponta para uma inflação de 1,4% este ano, mas de 1,5% em 2019.
A tradução destas diferentes taxas é a de que aquilo que as poupanças aplicadas vão render na maturidade — a maioria das aplicações tende a ter um prazo de um ano — não compensa o aumento do custo de vida. Por vezes, pode nem compensar as comissões cobradas pelos bancos pelo simples facto de se ter uma conta aberta.
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