Vice do PSD diz que 15% dos professores “nunca deviam ter entrado” no sistema
“Sei que existem 20 a 25% que são professores excecionais, 60% que são bons ou razoáveis e 15% que são professores que nunca deviam ter entrado”, diz David Justino, vice-presidente do PSD.
David Justino, vice-presidente do PSD e ex-ministro da Educação, defende que cerca de 15% dos professores “nunca deviam ter entrado” no sistema de ensino, mas ao mesmo tempo pediu que se trate melhor esta classe profissional.
“Tudo aquilo que fizermos para melhorar o exercício profissional dos professores é um bom investimento, tem é de se tratar melhor os professores, não é criar expectativas que depois não são correspondidas”, afirmou, na Universidade de Verão do PSD, numa referência implícita ao diferendo com o Governo sobre a contagem integral do tempo de serviço dos professores.
Num jantar-conferência em Castelo de Vide, distrito de Portalegre, totalmente centrado nesta área, David Justino defendeu que “o melhor investimento em educação é o investimento nos professores” e fez uma apreciação do estado atual da classe.
“Sei que existem 20 a 25% que são professores excecionais, 60% que são bons ou razoáveis e 15% que são professores que nunca deviam ter entrado”, disse.
O antigo ministro da Educação de Durão Barroso (entre 2002 e 2004) apontou como “crucial” a seleção dos professores à entrada da carreira, lamentando que “de há uns anos para cá” esta não exista e “mais tarde ou mais cedo entram todos”.
"Sei que existem 20 a 25% que são professores excecionais, 60% que são bons ou razoáveis e 15% que são professores que nunca deviam ter entrado.”
“Entram os muito bons, mas também os muito maus. Enquanto não conseguirmos resolver este problema de base, o resto não se resolve”, afirmou, considerando que o mesmo se passa no ensino superior, onde há “excelentes investigadores que nunca deviam dar uma aula” ou vice-versa.
Na área do ensino superior apontou a endogamia nas universidades como “um problema complicadíssimo”, mas que considera poder resolver-se com “uma medida simples”.
“Uma universidade só pode contratar doutorados – acabavam os assistentes – e só pode contratar doutorados que não sejam doutorados pela sua própria instituição, tem de os ir buscar fora”, defendeu, dizendo ainda ser do tempo “em que havia diretores do departamento que contratavam os seus próprios filhos”.
Em resposta a uma pergunta de uma aluna da Universidade de Verão, David Justino classificou como “irracional” a medida do Governo de reduzir em 5% o número de vagas nas universidades e politécnicos em Lisboa e Porto, salientando que acabou por nem sequer favorecer o Interior.
“O que estão a fazer é condicionar o acesso dos melhores alunos aos melhores cursos e uma parte deles estão em Lisboa e estão no Porto”, afirmou, ironizando que, com esta medida, ficou a saber que Aveiro, Coimbra e Braga ficam no Interior, uma vez que foram estes distritos que beneficiaram de vagas adicionais.
David Justino foi ainda instado a pronunciar-se sobre a eliminação dos exames do 4.º e 6.ºanos, defendendo que se no primeiro caso é aceitável, no segundo “é um erro clamoroso”, uma vez que deixa de haver instrumentos de monitorização e de mobilização de alunos, professores e escolas.
“Espero que não, mas o meu receio é que os testes já feitos este ano e que vão ser publicados pelo PISA em dezembro de 2019 se calhar vamos ter a primeira quebra nos resultados”, alertou o também presidente do Conselho Estratégico Nacional (CEN) e que foi o terceiro vice-presidente do PSD a participar na quarta-feira na Universidade de Verão, depois de Salvador Malheiro e de Morais Sarmento.
No jantar-conferência participou igualmente o antigo reitor da Universidade do Porto Sebastião Feyo de Azevedo, que também colabora com o CEN, órgão que tem por missão elaborar o programa do partido.
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