Acabar com carros poluentes? Até 2040, “é possível”, diz a ACAP
A ACAP diz que é "importante que o Governo dê o exemplo" na substituição de veículos poluentes por outros de zero emissões.
Portugal junta-se a uma série de outros países e várias cidades que estão a estabelecer metas para reduzirem as emissões de carbono dos veículos. Neste sentido, a partir de 2040, vai ser impedida a venda de veículos novos poluentes. Uma ambição vista com bons olhos pela Associação do Comércio Automóvel De Portugal (ACAP), que defende que este é um objetivo realista. E que será facilmente atingido.
Os veículos ligeiros, de passageiros ou mercadorias, que vão estar à venda por essa altura, em 2040, serão de emissões zero ou muito baixas, explicou o secretário de Estado Adjunto e do Ambiente, José Mendes, ao Público (acesso condicionado). Antes disso, por volta de 2030, toda a frota da administração pública no país será constituída por veículos de emissão zero, ou de baixas emissões.
Tendo em conta os “passos dados na indústria de ano para ano, é provável que consigam atingir o objetivo“, afirma ao ECO Hélder Barata Pedro, Secretário-Geral da ACAP. “É também importante que o Governo dê o exemplo”, acrescenta.
Um outro ponto positivo que a ACAP encontra na estratégia do Governo português é “não privilegiar nenhuma tecnologia”, já que a neutralidade tecnológica ajuda a diversificar as opções. “Daqui a 22 anos as emissões serão mesmo muito baixas, por causa dos grandes desenvolvimentos tecnológicos”, avança o secretário-geral da ACAP.
Nos primeiros meses deste ano as vendas de automóveis elétricos quase triplicaram em Portugal. Têm tido um “crescimento vertiginoso de três dígitos”, e até julho, no acumulado do ano face ao mesmo período do ano anterior, já aumentaram 136,4%, revela a ACAP. Foram vendidos 2.175 veículos ligeiros de passageiros neste período. As vendas de híbridos de diesel e gasolina também subiram neste ano em relação ao ano passado.
A Nissan ultrapassou a Renault como marca líder em vendas de veículos ligeiros de passageiros elétricos, no período de janeiro a julho de 2018. Foram vendidos 765 Nissan Leaf, e 700 Renault Zoe em Portugal nestes meses.
"Daqui a 22 anos as emissões serão mesmo muito baixas, por causa dos grandes desenvolvimentos tecnológicos.”
Segundo a ACAP, verifica-se uma grande procura por este tipo de veículos, e os planos de apoio “têm incentivado os compradores”. O Governo tem um programa de incentivo à compra de veículos totalmente elétricos que prevê mil cheques para carros e motas elétricos. É dado um apoio direto à aquisição de automóveis de 2.250 euros, e para as motas um apoio de 400 euros ou de até 20% do valor de aquisição do veículo.
Estes apoios são dados aos primeiros mil inscritos. Até ao momento, o Fundo Ambiental já recebeu 1321 candidaturas de proprietários de automóveis para estes cheques, das quais 83 foram excluídas. Para os veículos de duas rodas, foram submetidas 27 candidaturas, e excluídas três.
O que muda nas cidades?
A principal mudança no paradigma será o alargamento da rede de carregamento dos veículos elétricos. Quantos mais veículos são vendidos, mais pontos são necessários. A existência de uma boa rede dá mais confiança às pessoas que pensam investir num destes modelos.
A ACAP destaca ainda que se tem verificado uma “discriminação positiva para elétricos, quer na circulação em determinadas zonas da cidade, quer no estacionamento”.
Já vários países e cidades se comprometeram com objetivos semelhantes. Mas por enquanto ainda são promessas, não tendo sido transformadas em lei. Na Noruega metade dos carros vendidos são elétricos ou híbridos, e o país quer ter apenas carros com zero emissões por 2025. Lá existem incentivos como estacionamento grátis em espaços públicos, e acesso às faixas do bus.
O ritmo de comercialização chegou a um milhão de veículos elétricos vendidos a cada seis meses no mundo, de acordo com os dados da Bloomberg (acesso livre/conteúdo em inglês). A marca dos quatro milhões foi atingida no início de setembro.
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