Medidas fiscais para o interior não atraem empresas. Mais de 70% não pensa deslocalizar-se

O Orçamento para o próximo ano vai prever medidas de incentivo fiscal para levar as empresas para o interior. Um inquérito da EY revela que estes benefícios apenas atraem cerca de 30% das empresas.

O Governo prepara-se para incluir no Orçamento do Estado (OE) para 2019 medidas de incentivo fiscal à deslocalização para o interior do país, mas este tipo de soluções parece não ser determinante para as empresas na hora de escolher a localização. Um inquérito feito pela consultora EY Portugal mostra que, embora a quase totalidade das empresas apoie incentivos adicionais, 70,2% das empresas não pensa ir para o interior do país mesmo que as condições fiscais sejam mais vantajosas.

O estudo, divulgado esta terça-feira, a um mês da entrega do OE2019 no Parlamento, coloca várias questões às empresas, nomeadamente em matéria de benefícios fiscais de IRC. Uma delas tem como objetivo avaliar as condições de atratividade nas deslocações para o interior.

“Concorda com a introdução de medidas fiscais adicionais, nomeadamente benefícios, que incentivem de forma significativa o investimento no interior do país” é uma das questões colocadas às empresas. 94,7% responderam que sim. No entanto, na hora de concretizar os benefícios, as empresas parecem resistir à mudança.

“Pondera deslocalizar a atividade da sua empresa para uma região do interior do país caso fosse aprovada uma redução significativa da taxa de IRC sem limite da matéria coletável?” Esta é a questão colocada no inquérito e à qual apenas 29,8% responderam sim. Isto significa que a maioria das empresas (70,2%) não se sente atraída por baixa de impostos para ir para o interior.

Em maio, o primeiro-ministro anunciou a intenção de avançar com uma redução drástica do IRC para as empresas no interior. A ideia é aplicar “reduções substanciais do IRC, podendo chegar até uma coleta de zero, em função do número de postos de trabalho criados“, disse António Costa.

O OE2019 deverá contar já com medidas para incentivar as empresas a apostar no interior.

Depois dos incêndios de 2017, que mataram mais de 100 pessoas, e que aconteceram no interior ou em territórios de baixa densidade, o Executivo tem sido pressionado a adotar medidas transversais que tornem o interior do país viável.

O inquérito da EY foi feito entre 10 de julho e 14 de setembro. Os responsáveis pela área fiscal foram os que mais responderam ao inquérito (31,1%). As empresas da indústria transformadora e de serviços financeiras foram responsáveis por metade das respostas recebidas pela EY. Mais de 100 empresas responderam a este inquérito, mas a EY tratou apenas 61 respostas.

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