FMI aprendeu com Portugal que “há coisas que não devem ser feitas”, diz António Costa
"Angola não é Portugal e é natural que os programas sejam distintos, assim como também o FMI (...) já não é o FMI que é hoje, porque também aprendeu seguramente com o programa português".
O primeiro-ministro português defendeu esta terça-feira, em Luanda, que o Fundo Monetário Internacional (FMI) que assinou um programa de resgate com Portugal “já não é o de hoje”, pois “aprendeu” com o exemplo português “que há coisas que não devem ser feitas”.
“Angola não é Portugal e é natural que os programas sejam distintos, assim como também o FMI que assinou um acordo com Portugal já não é o FMI que é hoje, porque também aprendeu seguramente com o programa português que há coisas que não devem ser feitas“, afirmou António Costa. Desta forma, o primeiro-ministro português concluiu uma resposta do Presidente angolano, João Lourenço, que fora interpelado pelos jornalistas sobre se as negociações em curso com o FMI constituem ou não um programa de resgate económico de Angola.
A questão foi destinada a esclarecer as palavras ditas por João Lourenço durante a visita oficial que efetuou em agosto último à Alemanha, em que afirmou que o pedido de assistência financeira feito por Luanda ao FMI não era igual ao de Portugal. A 24 de agosto, o ministro das Finanças angolano, Archer Mangueira, afirmou que Angola vai discutir com o FMI um programa de financiamento ampliado no valor de 4,5 mil milhões de dólares (3,91 mil milhões de euros), no quadro da assistência financeira solicitada pelo Executivo angolano,
Segundo Archer Mangueira, caso Angola chegue a uma conclusão com a instituição de Bretton Woods, o montante será disponibilizado em três tranches de 1,5 mil milhões de dólares (1,3 mil milhões de euros) por ano, com vista à execução do Programa de Estabilização Macroeconómica (PEM) definido pelo Governo angolano.
As negociações nesse sentido começarão em Luanda a partir de outubro. “[Durante a visita à Alemanha] estava a falar sobretudo para o interior de Angola, onde, durante muitos anos havia, e, se calhar, em certa medida, ainda existe, algum temor pelo FMI. Há anos atrás, falar-se do FMI em Angola era algo que suscitava alguns temores”, referiu hoje João Lourenço.
“O que eu pretendia dizer, na altura, é que se o programa com Portugal foi o de um resgate, o programa que estamos atualmente a negociar com o FMI não é um programa de resgate, é um programa diferente. Se havia temores de que nós assinássemos um programa de resgate, o que eu queria dizer aos angolanos é que não era um programa de resgate a exemplo do que aconteceu com Portugal e com a Grécia”, explicou João Lourenço ao terminar a resposta, ao que se sucedeu o comentário de Costa.
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