Um em cada três investidores acha que sabe mais do que realmente sabe
A CMVM tirou um retrato ao investidor português: aposta no mercado acionista, mas tem um apetite pelo risco moderado. A literacia financeira subiu, mas 30% pensa que sabe mais do que realmente sabe.
Um em cada três investidores portugueses pensa que possui maiores conhecimentos financeiros do que realmente tem, isto apesar da melhoria da literacia financeira nos últimos anos entre aqueles que investem no mercado de capitais em Portugal, segundo o último inquérito do regulador sobre o perfil do investidor português.
Mais: 43% dos investidores acha mesmo que sabe o suficiente sobre investimentos para poder escolher a melhor opção sem necessidade de consultar um profissional da indústria financeira, indica o mesmo estudo realizado pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), cujas conclusões preliminares foram apresentadas esta quarta-feira na Semana Mundial do Investidor, que decorre na Nova SBE, em Lisboa.
O regulador tentou obter um retrato-tipo do investidor português e chegou a várias conclusões: ele gosta de apostar no mercado acionista, um tipo de investimento mais arriscado, mas assume um perfil de risco equilibrado.
“Em 2018 verificou-se que cerca de 84% do total de inquiridos detinham ações. Ao mesmo tempo, assiste-se a um equilíbrio entre os diferentes tipos de perfil de risco dos investidores: 36% dizem ser avessos ao risco, 28% são neutros e 38% afirmam ser propensos ao risco”, indica a CMVM.
Por outro lado, no momento de investir, os investidores consideram que é “extremamente importante” perceber as “características dos investimentos” em que vão aplicar as suas poupanças (98%). Também dão importância vital ao “risco de perda do capital” que está associado ao produto (85%) e às “comissões praticadas” (89%).
Aliás, relativamente aos conhecimentos financeiros, a CMVM nota uma melhoria do índice de literacia financeira entre os investidores nacionais nos últimos três anos: apenas 16% obteve a pontuação mais baixa em 2018, uma evolução positiva face a 2015, quando 65% dos investidores obtiveram a pontuação mínimo num inquérito realizado pelo Conselho Nacional dos Supervisores Financeiros (CNSF).
Entre os investidores com maiores conhecimentos financeiros estão aqueles que investem em criptomoedas ou ICO, mas também estes julgam ter um conhecimento financeiro melhor do que têm na realidade.
Estes investidores em moeda digital são mais jovens do que a média dos investidores e são também mais propensos ao risco.
O inquérito online da CMVM foi realizado entre 18 de junho e 6 de agosto deste ano, com a amostra a conter a informação de 2.311 participantes.
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