Trigo Pereira critica falta de preocupação com o equilíbrio das finanças públicas no médio prazo
O deputado socialista defende que não se devem fazer cedências aos parceiros sociais se não tiverem sustentabilidade e revela ser contra o aumento extraordinário das pensões.
Como se devem equilibrar as finanças públicas? Para o deputado socialista, Paulo Trigo Pereira, as medidas deveriam ser feitas tendo em vista o futuro, a médio prazo.
“Algo que não se fala e que é a coisa mais importante que se devia estar a discutir neste momento”, é o objetivo de médio prazo para as finanças públicas, diz Paulo Trigo Pereira, em entrevista à Renascença (acesso livre) e ao Público (acesso pago).
Para o deputado, se este objetivo se mantiver desta forma, “temos de continuar a apertar o cinto até 2022-2023”. Relativamente à possibilidade de défice zero em 2018, Trigo Pereira aponta para um défice de cerca 0,2%. “Acho que não vamos ter défice zero, até porque existem as chamadas medidas one-off que têm a ver com capitalização”, indica.
E continuando com o avanço, o socialista acredita que se atinge “o limite da redução do défice que é perfeitamente sustentável do ponto de vista da dinâmica das finanças públicas e da dívida pública”. “Não precisamos de continuar a apertar, apertar, apertar o cinto”, defende. Trigo Pereira não nega que “há dois Mários Centenos“, o líder do Eurogrupo e o ministro das Finanças, mas acredita que é possível conciliar os dois.
O deputado socialista defende que se as cedências aos parceiros que apoiam esta solução governativa não tiverem sustentabilidade, não devem ser feitas. Para Trigo Pereira, entre estas estão, por exemplo, os professores. “Quando olhamos para a Função Pública na globalidade, temos carreiras em que os trabalhadores progridem em função de uma avaliação de desempenho e carreiras em que os trabalhadores progridem essencialmente pelo tempo. Esta separação sempre foi feita em todos os Orçamentos de Estado desde que há cortes”, afirma o deputado.
Trigo Pereira prevê ainda que o aumento extraordinário das pensões possa avançar, apesar da sua posição pessoal ser contra. “O PCP, o Bloco e o PEV insistem em propostas — é evidente que deram muito bons contributos para esta governação — mas insistem em propostas que são populistas e eleitoralistas”, justifica. “Se damos mais às gerações presentes damos menos às gerações futuras, aos seus filhos e aos seus netos”, acrescenta.
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