“Ficaríamos contentes com a Sonae MC… mas há outras operações em curso”
Paulo Rodrigues da Silva lamenta o fracasso da OPV da Sonae MC. Culpa a instabilidade nos mercados, que "é sempre difícil de prever".
Sonae falhou a oferta pública de venda (OPV) da Sonae MC. Perante a instabilidade nos mercados, a empresa não conseguiu atrair os grandes investidores, deixando assim cair por terra uma operação que teria deixado, se tivesse chegado ao fim, “muito contente” a bolsa portuguesa. Paulo Rodrigues da Silva, CEO da Euronext, lamenta, mas olha para a frente. Diz, ao ECO, que “há outras operações em curso” que vão chegar ao mercado até ao final do ano.
“Assistiu-se a quedas substanciais nos mercados acionistas nos últimos dias. Foi um período marcado por uma forte instabilidade”, diz Paulo Rodrigues da Silva. Esse contexto adverso explica o fracasso da operação da Sonae. “Perante os contactos realizados, a empresa decidiu que não era adequado” avançar com a OPV. Era “uma possibilidade que já estava prevista”, lembra o presidente da bolsa portuguesa, salientando que não foi caso único. Nos mercados Euronext houve outras duas empresas a fazerem o mesmo que a Sonae.
“Ficaríamos contentes se a OPV da Sonae MC se tivesse realizado“, admite. Questionado sobre se a Sonae poderá voltar a tentar colocar o negócio do retalho em bolsa nos próximos tempos, Paulo Rodrigues da Silva diz desconhecer. “A informação que temos é que a empresa abandonou o processo. Não há informação sobre se pode voltar”, acrescenta, salientando que acredita que essas “decisões serão tomadas a seu tempo”.
Paulo Rodrigues da Silva não fica a lamentar-se pelo que não aconteceu. Antes, o responsável pelo mercado de capitais nacional prefere olhar para a frente, focando-se noutros processos. “Há outras operações em curso”, diz ao ECO, apontado para a entrada em mercado da Farminveste, empresa em processo de aquisição da Glintt que vai dispersar ações em bolsa já na próxima semana. E uma outra operação, mais pequena, que está a ser realizada pela FlexDeal.
PSI-20 à espera de novas empresas
Com o fracasso da OPV da Sonae, fica adiado o “sonho” do PSI-20 aumentar o número de empresas que o constituem. Em vez de 20, há algum tempo que o índice de referência conta apenas com 18 cotadas, o mínimo exigido pelas regras. A Sonae MC, pela dimensão, seria uma potencial candidata à subida à “primeira liga” da bolsa nacional, sendo que Paulo Rodrigues da Silva diz que, se tivesse entrado em bolsa, e se fosse elegível, não era líquido que “o índice ganhasse mais uma empresa”. “Poderia substituir uma das que está”, diz.
Apesar de ter um número de cotadas aquém do desejável, o CEO da Euronext Lisboa diz que este “não é um tema de grande discussão” na bolsa portuguesa. “A estabilidade é um valor”, diz, salientando que mudar o PSI-20 para PSI-15 ou PSI-10 poderia colocar em causa essa estabilidade. E remata: “os investidores não olham para um índice local. São investidores globais”, ou seja, olham para as empresas desse mercado, comparando-as com outros pares internacionais.
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