RTP: Sindicato e Precários contestam contratações para nova Direção de Informação
Depois das duas contratações externas feitas para a Direção de Informação, o Sindicato e Precários da RTP manifestam "estranheza e estupefação" pela "desigualdade de critérios na gestão" da empresa.
O Sindicato dos Jornalistas e o movimento Precários da RTP contestaram esta segunda-feira as duas contratações externas para a nova Direção de Informação da estação pública, manifestando “estranheza e estupefação” pela “desigualdade de critérios na gestão” da empresa.
Em comunicado, o Sindicato dos Jornalistas lamenta que o Conselho de Administração da RTP, liderado por Gonçalo Reis, tenha decidido “recorrer a um pedido de exceção para fazer duas contratações externas para a Direção de Informação”.
Isto “numa altura em que várias dezenas de jornalistas esperam uma resposta da empresa sobre o descongelamento ou a progressão na carreira que se mantém, em muitos casos, parada há 10, 15 ou 20 anos”, em que “dezenas de jornalistas precários aguardam o reconhecimento do seu vínculo à empresa, perante uma postura de bloqueio e total desconsideração por parte da administração da RTP” e em que “toda e qualquer aspiração negocial por parte dos sindicatos é fortemente limitada” pela estação pública, que alega não ter “margem financeira”.
Em causa está a notícia conhecida no final da semana, de que as jornalistas Cândida Pinto, da SIC, e Helena Garrido, ex-diretora do Jornal de Negócios, irão integrar a nova direção da RTP. “Não estão em causa as escolhas desta ou de qualquer outra Direção de Informação, nem o desempenho profissional ou o mérito curricular das duas pessoas contratadas”, refere o Sindicato dos Jornalistas, manifestando, contudo, “perplexidade perante esta desigualdade de critérios na gestão do serviço público de rádio e televisão”.
Também os Precários da RTP, que na semana passada se manifestaram para exigir a integração nos quadros da companhia, realçaram hoje a sua “estranheza e estupefação perante mais uma contradição manifestada pelo Conselho de Administração da empresa”. “Poucos dias depois de nos ter dito, numa reunião por nós pedida, que a RTP tem grandes restrições para contratar e que a continuidade de dezenas ou centenas de recibos verdes é uma opção de gestão legítima, a administração decide contratar duas pessoas para a Direção de Informação da RTP”, lamenta aquele movimento.
Assegurando que nada têm “contra as jornalistas em causa”, o grupo de trabalhadores de meios como a RTP, a Antena 1, a Antena 3, entre outros, destacou ainda a “contradição entre as palavras e os atos da administração e o profundo desrespeito por centenas de trabalhadores precários”. Já na sexta-feira passada, a Comissão de Trabalhadores da estação pública disse estar “surpreendida” com o anúncio, considerando que “a validação destas contratações de luxo pela administração da RTP é um escândalo sem fim”.
E adiantou: “É inaceitável que uma administração de uma empresa pública, que não cumpre decisões judiciais para integração nos quadros, peça agora exceções ministeriais para estas contratações, sendo ainda mais inaceitável se viermos a perceber que temos um Governo em Portugal que aceita passivamente esta pouca vergonha”.
No comunicado do Sindicato dos Jornalistas, aquela estrutura sindical insta a administração da RTP a “adotar o mesmo critério de gestão para os jornalistas mal enquadrados na carreira e com vínculos precários”, pedindo ainda às Direções de Informação uma “igualdade de tratamento e oportunidades dos jornalistas sob sua tutela”.
As duas profissionais passam, assim, a ser diretoras-adjuntas da estrutura liderada por Maria Flor Pedroso, que foi nomeada diretora no dia 12 de outubro, na sequência da saída de Paulo Dentinho. Mantêm-se como adjuntos António José Teixeira e Hugo Gilberto (no Porto). A nova direção terá ainda, como subdiretores, Alexandre Brito, Joana Garcia e Rui Romano.
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