ERC aprova nomeação de Maria Flor Pedroso para diretora de informação da RTP
A ERC justifica o parecer favorável com “o currículo de Maria Flor Pedroso na área da comunicação social” e ainda a "longeva relação profissional que mantém com o universo da RTP".
A Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) aprovou a nomeação de Maria Flor Pedroso para diretora de informação da estação pública RTP, anunciou esta sexta-feira aquele organismo no site.
Na deliberação, o Conselho Regulador “delibera conceder parecer favorável à destituição de Paulo Dentinho do cargo de diretor de informação de televisão da RTP e da RTP 3, bem como à nomeação de Maria Flor Pedroso para o exercício do cargo de diretora de informação de televisão da RTP e da RTP3″.
A ERC justifica o parecer favorável com “o currículo de Maria Flor Pedroso na área da comunicação social” que “abarca responsabilidades diversas assumidas em instituições representativas dos jornalistas, a par de uma considerável experiência profissional acumulada em órgãos de comunicação social, com especial incidência nos domínios radiofónico e, também, televisivo”, realçando, “neste particular ainda, a longeva relação profissional que mantém com o universo da RTP”.
A 12 de outubro, o Conselho de Administração da RTP anunciou a nomeação da jornalista Maria Flor Pedroso para o cargo de diretora de informação da RTP, substituindo Paulo Dentinho, indicação que foi enviada para apreciação da ERC. “O diretor de informação da RTP colocou o seu lugar à disposição do Conselho de Administração” e o órgão liderado por Gonçalo Reis “decidiu aceitar” e substituir Paulo Dentinho, referiu a empresa em comunicado, naquela data.
O Conselho de Administração da RTP “decidiu nomear a jornalista Maria Flor Pedroso para o cargo de diretora de informação de televisão da RTP, tendo iniciado o processo formal de recolha de pareceres junto da ERC e do Conselho de Redação da RTP”, acrescentava. De acordo com a imprensa, Paulo Dentinho colocou o seu lugar à disposição após ter publicado dois textos sobre violações na sua página pessoal na rede social Facebook, interpretados como uma alusão às acusações de Kathryn Mayorga contra o futebolista Cristiano Ronaldo.
Na primeira publicação, o jornalista criticava os “homens que violam mulheres”, enquanto na segunda afirmava existirem “violadas de primeira, violadas de segunda categoria, violadas de terceira categoria, etc.”, dependendo do “estatuto delas, mas, sobretudo, do estatuto deles”. Apesar de não citar nomes, Paulo Dentinho utilizou a expressão “herói nacional”, tendo sido a mesma associada ao jogador Cristiano Ronaldo. Os textos acabaram por ser apagados pelo então diretor de informação da estação pública, após o avolumar de críticas contra a posição partilhada e as expressões empregues.
Em declarações ao Observador, na altura, Paulo Dentinho garantiu que eliminou as publicações por reconhecer que utilizou “linguagem excessiva”. Após tomar conhecimento do texto, Manuela Brandão, uma das assessoras de imprensa da Gestifute, empresa que representa Cristiano Ronaldo, questionou, numa publicação no Facebook, a credibilidade do jornalista e da RTP.
Em resposta ao mesmo jornal, Paulo Dentinho explicou então que estava a preparar um programa sobre o movimento #MeToo, quando leu mais detalhadamente sobre o caso que envolve Ronaldo e Kathryn Mayorga. “Não era nada contra o Ronaldo. Era sobre a necessidade de proteger as mulheres”, sublinhou.
Na mesma altura, o Conselho de Redação da RTP emitiu um comunicado em que lamentava a linguagem utilizada pelo jornalista, contando que, quando questionou Paulo Dentinho sobre o tema, este se recusou a responder a perguntas. Afirmou apenas que “há indícios que sustentam suspeitas de um possível ‘complot’” contra Paulo Dentinho por parte de elementos da RTP e da página de notícias sobre televisão (Vox Pop TV) que escreveu sobre o assunto.
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