Em atualização Paris. Tensão cresce entre “coletes amarelos” e polícia
Coletes amarelos estão nas ruas de Paris e há confrontos com a polícia. Protestos são contra aumento do imposto sobre combustível mas já se a pede demissão de Macron. Balanço aponta para 8 feridos.
A polícia francesa continua a tentar controlar os manifestantes nos Campos Elísios, Paris, através do lançamento de granadas de gás lacrimogéneo, canhões de água e perímetros de segurança, mas o número de manifestantes está a aumentar. O objetivo dos chamados “coletes Amarelos” é o de chegar à residência oficial do Presidente Emanuel Macron.
O balanço do Ministério do Interior dava conta de que oito pessoas ficaram feridas, incluindo dois policias, e 35 foram interpeladas nos protestos dos “coletes amarelos”. A mesma fonte referia que às 15 horas locais, em toda a França, existiam mais de 81 mil manifestantes.
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Sem líder, nem orientação centralizada, os chamados “coletes amarelos” recuam e avançam consoante conseguem, dando indicações em voz alta, e reclamando da ação da polícia.
“São as forças da ordem que nos atacaram. Estamos aqui desde manhã e vimo-los a atacar mesmo pessoas mais velhas. Os “coletes amarelos” não são violentos, eles [polícia] é que nos obrigam a agir assim. Por mim, até que a polícia se acalme, vamos ficar aqui”, disse Hervé em declarações à Lusa, vindo da Bretanha com amigos para se manifestar.
Segundo este grupo de bretões, a manifestação deve dispersar-se por volta das 17 horas, ocasião em que começa o jogo do Paris Saint Germain. É esta a informação que circula entre os “coletes amarelos” presentes nos Campos Elísios, que comunicam minuto a minuto através das redes sociais como Facebook, mas também serviços de mensagens como o WhatsApp.
Se alguns manifestantes escolhem tentar falar com as forças da ordem, outros não hesitam em atirar pedras e insultar os polícias.
“Eles vivem o mesmo que nós, ganham mal e também saem à rua. Hoje estão contra nós e têm ordens de usar a força contra nós, mas nós somos muitos”, disse Oliver, parisiense de 28 anos que agitava a bandeira francesa à frente dos polícias.
A avenida mais famosa de Paris está repleta de material de construção, garrafas de vidro e invólucros de gás lacrimogéneo.
Os lojistas estão barricados dentro das lojas, espreitando de vez em quando para perceber quando a situação vai melhorar, impotentes contra o derrube de vasos e roubo de cadeiras e mesas por parte dos manifestantes.
Perto da praça da Concórdia, cerca de 20 carrinhas de polícia isolam esse perímetro, enquanto há duas barreiras móveis no centro da avenida e no topo, junto ao Arco do Triunfo, cada uma com mais 20 a 30 carrinhas da polícia, incluindo carrinhas de detenção de manifestantes e camiões com canhões de água.
Esta é uma visão que espantou Emanuel, “colete amarelo” luso-descendente, vindo do Sul de França. “Só viemos dizer que há muitos impostos, não estamos aqui parar partir isto tudo. Espero que o Governo oiça a cidade, é preciso baixar os impostos, apoiar os reformados”, disse o luso-descendente, afirmando que nunca viu “coisas assim” em França.
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Os “coletes amarelos” são um movimento cívico à margem de partidos e sindicatos, criado nas redes sociais e alimentado pelo descontentamento da classe média-baixa, tendo surgido inicialmente como protestos contra o aumento dos combustíveis, mas alargando o descontentamento em relação a várias medidas do Presidente Emmanuel Macron.
Marine Le Pen nega ter apelado à violência
Entretanto, a líder do partido de extrema direita francês União Nacional, Marine Le Pen, já veio declarar que “nunca apelou a qualquer violência”, após as acusações do ministro do Interior na sequência de confrontos na manifestação dos “coletes amarelos” em Paris.
“Eu perguntei ao Governo na sexta-feira as razões pelas quais os ‘coletes amarelos’ não se podiam manifestar nos Campos Elísios. Nunca apelei, evidentemente, a qualquer tipo de violência”, afirmou Marine Le Pen, líder da União Nacional (ex-Frente Nacional).
O ministro francês do Interior atribuiu hoje responsabilidades à líder de extrema direita Marine Le Pen pelos distúrbios nas manifestações dos “coletes amarelos” na zona dos Campos Elísios, no centro de Paris, cidade onde estão cerca de 8.000 manifestantes.
O ministro do Interior francês alertou hoje para uma “mobilização da extrema direita” entre os cerca de 5.000 manifestantes nos Campos Elísios, em Paris, onde as forças de segurança lançaram hoje gás lacrimogéneo e um camião de água para tentar travar “coletes amarelos”.
Castaner atribuiu responsabilidade a Marine Le Pen pelos distúrbios, recordando que, através da rede social “Twitter”, a líder de extrema direita apelou aos manifestantes para se dirigirem aos Campos Elísios, apesar da proibição expressa de se concentrarem nessa avenida da capital francesa.
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Os confrontos começaram a surgir quando alguns membros do movimento tentaram fugir pelas laterais das barricadas policiais.
O objetivo dos manifestantes é chegar ao Palácio do Eliseu, mas todas as entradas possíveis estão barricadas com redes e polícias de choque.
Movimento “coletes” amarelos promete bloquear Paris
O movimento dos “coletes amarelos”, que desde há uma semana promove protestos e marchas lentas em França contra o aumento do imposto sobre combustíveis, prometeu bloquear este sábado Paris, segundo apelos na rede social Facebook.
“O próximo encontro de massa de todo o povo francês acontecerá no sábado, 24 de novembro (…) em Paris intramuros”, lançou num vídeo Frank Buhler, um dos iniciadores do movimento e responsável do partido soberanista ‘Debout la France’ no sudoeste do país.
Na página “Frank Buhler – Blog politique – Patriosphère Infos”, o ativista apela a todos que percorram as ruas de Paris “a pé, a cavalo ou de carro”, repartindo-se por toda a cidade.
“A 24 de novembro será Paris bloqueada, a 24 de novembro será Paris cidade morta”, acrescenta Buhler num vídeo colocado no passado dia 18.
Uma outra página na mesma rede social, intitulada “Acte 2 Toute la France à Paris”, criada por Eric Drouet, apela a uma manifestação hoje na Praça da Concórdia, em Paris.
“Esperamos toda a gente, camiões, autocarros, táxis, agricultores, etc…. Toda a gente !!!!!!”, pode ler-se na página.
Os protestos dos “coletes amarelos”, numa referência aos coletes amarelos que todos os automobilistas devem ter nos automóveis para se tornarem visíveis, começaram na manhã do passado dia 17 e mobilizaram centenas de milhares de pessoas em todo o país.
Os protestos afetaram também mais de 10 mil camionistas portugueses, disse à Lusa o presidente da Associação de Transportes Públicos Rodoviários de Mercadorias.
O Governo de Macron decretou um aumento dos impostos dos combustíveis de 7,6 cêntimos por litro para o ‘diesel’ e de 3,9 cêntimos para a gasolina e, a partir de janeiro, serão aplicadas taxas adicionais a estes produtos de 6 e de 3 cêntimos, respetivamente.
Os “coletes amarelos” têm o apoio de 74% da população francesa, segundo uma sondagem publicada na passada sexta-feira.
(notícia em atualização)
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