Primeiro-ministro francês começou a receber partidos sobre crise dos “coletes amarelos”

  • ECO e Lusa
  • 3 Dezembro 2018

Estes protestos estão a afetar centenas de camionistas portugueses, que estão ‘presos’ em várias regiões de França devido a bloqueios e estradas que foram interditadas.

O primeiro-ministro francês, Édouard Philippe, iniciou esta segunda-feira uma ronda de reuniões para receber os chefes dos partidos políticos e procurar uma saída para a crise dos “coletes amarelos”, que continuam em protesto em diferentes partes do país.

O primeiro a ser convocado para o Palácio de Matignon, residência oficial do primeiro-ministro, foi a presidente da câmara de Paris, a socialista Anne Hidalgo, que chegou poucos minutos antes das 08:30 locais (07:30 em Lisboa).

É também esperado esta segunda-feira no Palácio de Matignon a líder da formação de extrema direita União Nacional (antiga Frente Nacional), Marine Le Pen, o primeiro secretário do Partido Socialista, Olivier Faure, o presidente dos republicanos conservadores, Laurent Wauquiez, e Stanislas Guerini, o novo delegado geral do partido Em Marche!, do presidente Emmanuel Macron.

O líder da formação esquerdista França Insubmissa, Jean-Luc Mélenchon, que como Le Pen pediu a dissolução da Assembleia Nacional para a convocação de eleições legislativas, poderá não comparecer e ser substituído por membros da sua equipa.

Édouard Philippe planeia continuar a concertação na terça-feira com representantes dos ‘coletes amarelos’, mas resta saber se tal será possível e em que formato, após o fiasco de uma reunião semelhante na sexta-feira passada.

O fim de semana ficou marcado em França por violentos protestos do movimento dos “coletes amarelos”, sobretudo por desacatos em Paris e por atos de vandalismo no Arco do Triunfo. O monumento, que é símbolo emblemático de Paris e da própria França, foi pintado, o seu museu saqueado e uma estátua partida, à margem dos protestos.

Os últimos dados sobre sábado indicam que 136 mil pessoas se juntaram à mobilização dos “coletes amarelos” e que houve 263 feridos. No domingo, um condutor motorista morreu em Arles (sudeste de França) depois de embater num veículo pesado numa fila de trânsito provocada por uma coluna de ‘coletes amarelos’. Este acidente aumentou para três o número de mortes relacionadas com os protestos iniciados há três semanas por pessoas que envergam coletes amarelos florescentes.

O porta-voz do governo, Benjamin Griveaux, não quis adiantar esta segunda-feira de manhã qualquer informação sobre se o governo vai ceder ao que desde o início foi a primeira reivindicação dos coletes amarelos’: anular o aumento de impostos sobre os combustíveis (gasolina e especialmente diesel), agendado para 1 de janeiro.

“Não tomamos as decisões antes” das reuniões com os representantes desse movimento e das partes, já que “vamos recebê-las para conversar”, disse Griveaux esta segunda-feira de manhã, em entrevista à emissora “France Inter”.

Os “coletes amarelos” continuam esta segunda-feira as suas ações de protesto em rotundas, estradas e acesso a complexos petrolíferos em várias partes do país, incluindo um bloqueio da fronteira com a Espanha em Le Perthus, que decorreu de madrugada durante várias horas.

O prefeito do departamento dos Pirineus Orientais explicou, pouco antes das 08:00 locais (07:00 em Lisboa), na sua conta no Twitter, que tinha levantado esse bloqueio. Na Bretanha, o prefeito de Finistère anunciou no domingo restrições à venda de combustível para lidar com os problemas de abastecimento devido aos bloqueios nos depósitos de distribuição em Lorient e Brest.

Protestos afetam centenas de camionistas portugueses

Algumas centenas de camionistas portugueses continuam parados em algumas estradas francesas por causa dos protestos em França contra o aumento das taxas de combustível, disse à Lusa o presidente da Associação Nacional das Transportadoras Portuguesas (ANTP).

“Algumas centenas de camionistas portugueses ainda estão ‘presos’ em várias regiões de França por causa dos protestos dos coletes amarelos. Alguns estão parados por causa de bloqueios ainda existentes e outros por causa de estradas que foram interditadas pelas autoridades devido a danos”, indicou Márcio Lopes.

De acordo com Márcio Lopes, os “camionistas estão a aguardar que a situação melhore e que lhes sejam fornecidas alternativas para poderem circular”.

Quanto aos problemas no setor em Portugal, Márcio Lopes adiantou que a associação continua em negociações com o Governo e ainda esta segunda-feira vão encontrar-se com o Comité de Transportes em Bruxelas, Bélgica.

As transportadoras portuguesas têm estado em negociações com o Governo [secretaria de Estado das Infraestruturas] para reivindicar o Contrato Coletivo de Trabalho, melhores condições e também o preço dos combustíveis. A 19 de novembro a ANTP chegou a ponderar avançar com formas de luta na ausência de respostas do executivo.

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