Investimento brasileiro em Portugal com aposta no setor aeronáutico e industrial
O setor da aeronáutica e da indústria são grandes apostas do investimento brasileiro em Portugal, com a OGMA, a Lusosider e as duas fábricas da Embraer em Évora.
O setor da aeronáutica e da indústria são grandes apostas do investimento brasileiro em Portugal, com a OGMA – Indústria Aeronáutica de Portugal, a Lusosider e as duas fábricas da Embraer em Évora a espelharem essa estratégia.
A OGMA é uma empresa portuguesa dedicada ao fornecimento de serviços de manutenção e fabricação de aeroestruturas, sendo detida em 65% pelo consórcio Airholding SGPS, constituído pela brasileira Embraer, com os 35% detidos pela Empoderf – Empresa Portuguesa de Defesa (Estado português).
Criada em 1918, a OGMA tem uma longa tradição no setor aeronáutico, tendo entrado em 2003 numa nova etapa quando o Governo privatizou quase a totalidade da empresa. No espaço de três anos, o volume de negócios duplicou, o que conduziu, em 2005, à atual composição acionista.
Outra das apostas ‘emblemáticas’ do Brasil em empresas portuguesas está refletida na Lusosider Aços Planos, criada em 1996 e “única indústria portuguesa do setor siderúrgico que produz e comercializa aços planos com revestimento anticorrosão“, de acordo com a empresa.
Em 2005, a brasileira Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) comprou a metade que ainda não detinha da Lusosider, passando a sua única acionista, sendo um dos exemplos de investimento duradouro em Portugal.
Outro importante investimento foi o da Embraer, anunciado em 2008, sobre o desenvolvimento de duas fábricas em Évora, a sul da capital portuguesa, num investimento superior a 140 milhões de euros.
A AICEP – Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal refere, no seu ‘site’, que as duas unidades da Embraer “constituem não apenas um importante papel para a mobilização do investimento produtivo em Portugal, como contribuem para a formação e consolidação de um ‘cluster’ aeronáutico em Portugal, potenciador de excelência industrial, de desenvolvimento tecnológico e inovação e de qualificação de empresas, especialmente PME [pequenas e médias empresas]”.
A Zagope Construções e Engenharia, fundada em janeiro de 1967 como Empresa Geral de Obras Públicas Terrestres e Marítimas, foi compara em 1988 pelo grupo brasileiro Andrade Gutierrez, tendo na altura começado a diversificar a tipologia de projetos executados.
A partir de 2002, a internacionalização passou a ser uma aposta, tendo entrado no mercado africano e asiático três anos depois.
Já a Cimpor, a cimenteira portuguesa que passou a ser detida pelos brasileiros da Camargo Corrêa em 2012, não teve a mesma sorte e, depois de passar a brasileira, vai a caminho de mudar para mãos turcas.
Em 26 de outubro, a Cimpor assinou um contrato com o OYAK (Ordu Yardımlaşma Kurumu) para a venda de todos os ativos que compõem a unidade de negócio de Portugal e Cabo Verde.
Com este negócio, a cimenteira, que é, atualmente, detida pelo grupo brasileiro Camargo Corrêa, aliena as três fábricas e as duas moagens de cimento, as 20 pedreiras e as 46 centrais de betão localizadas em Portugal e em Cabo Verde.
O OYAK, primeiro e maior fundo de pensões na Turquia, fundado em 1961, já comunicou à Autoridade da Concorrência (AdC) a compra da Cimpor Portugal (detida pela InterCement, ‘holding’ para os negócios do cimento da Camargo Corrêa), no início de dezembro.
Em sentido inverso, nem todas as apostas portuguesas correram bem em terras de Vera Cruz.
A antiga Portugal Telecom (PT) iniciou a aposta no Brasil ainda na década de 90 do século passado e, numa aliança com a espanhola Telefónica, arrancaram com a Vivo em 2003, operadora que deu destaque à empresa portuguesa.
Posteriormente, a posição que detinha na Vivo foi vendida à Telefónica e a PT apostou na Oi, o que viria a ter como resultado o fim da operadora portuguesa como até à data era conhecida. Com o desmoronamento do Banco Espírito Santo (BES), a PT, que está nas mãos da Oi, é vendida aos franceses da Altice, abandonando o ‘sonho’ de ser a maior operadora de telecomunicações em língua portuguesa.
Por razões diferentes, a aposta da Jerónimo Martins no mercado brasileiro também não correu bem. Hoje, a dona do Pingo Doce aposta na Polónia e na Colômbia, além de Portugal. Por sua vez, a Galp Energia, a EDP, o grupo Pestana e a Mota-Engil mantêm as suas apostas no mercado brasileiro.
Com presença no Brasil desde 1999, a Galp tem vários projetos nas fases de desenvolvimento e produção.
O Brasil tem sido apresentado como prioridade na estratégia de crescimento e de investimento da Galp, tendo já ultrapassado os cinco mil milhões de dólares (4,2 mil milhões de euros).
Nos últimos anos, os projetos no Brasil corresponderam aproximadamente a 80% do investimento total da unidade de negócios de exploração e produção de petróleo e gás da companhia.
A EDP, detém 51% da EDP Brasil, que tem atividade na produção e na comercialização de eletricidade, contando já com três milhões de clientes.
O grupo Pestana iniciou a sua expansão na América do Sul em 1999, com o primeiro investimento no Brasil, o Pestana Rio Atlântica.
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