Com maior OPA ainda em aberto, banca domina fusões e aquisições em Portugal
A aquisição da EDP pela CTG poderá vir a ser a maior operação de sempre, mas ainda não é garantida. Este ano, houve um disparo de 209% no M&A, com a banca e o imobiliário a dominarem.
A Oferta Pública de Aquisição (OPA) da empresa estatal chinesa China Three Gorges à elétrica portuguesa EDP poderá entrar para a história como a maior operação no campo das fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês) alguma vez realizada em Portugal. Esta continua, no entanto, pendente. Entre as operações que se concretizaram ao longo deste ano, foram o setor financeiro e o imobiliário (especialmente centro comerciais) que dominaram.
O mercado de fusões e aquisições português movimentou 1,4 mil milhões de euros nos primeiros 11 meses do ano, o que representa um disparo de 209% em relação a igual período de 2017, de acordo com dados da Transactional Track Record. Os dados revelam que as operações são maiores já que houve uma quebra de 7,41% no número de operações.
Ainda assim, o montante poderia ser mais de seis vezes superior, caso a OPA da China Three Gorges tivesse ficado fechada. O acionista, que detém atualmente 23,27% do capital da empresa liderada por António Mexia de forma direta (a que acrescem 4,98% através da empresa-irmã CNIC), ofereceu 9,1 mil milhões de euros pelas restantes ações da EDP.
Para se encontrar um montante que se aproxime é preciso remontar até 2010, como mostram os dados (em dólares) da plataforma internacional Delogic, enviados ao ECO. Caso a oposição dos restantes acionistas da EDP e as obrigações de vários reguladores numa série de geografias levem à queda da OPA da CTG, a Portugal Telecom (PT) poderá manter o troféu de maior operação de sempre, com a venda de 50% da Brasilcel (empresa que controlava a Vivo) à Telefonica. O negócio, que aconteceu em simultâneo com a entrada da então PT no capital da Oi, envolveu 7,5 mil milhões de euros.
Maiores operações de M&A em Portugal
Bancos e centros comerciais aquecem mercado nacional
Este ano, o segundo maior negócio também envolve (indiretamente) a antiga PT. A Altice fechou, em junho, a venda das torres de telecomunicações da Meo a um consórcio que tem um fundo de investimento de Pires de Lima e Sérgio Monteiro e o Morgan Stanley. Os ativos, considerados um investimento imobiliário de longo prazo (a Altice só está a vender as estruturas metálicas onde estão instalados os equipamentos), estavam avaliados em 700 milhões de euros, mas a operação foi realizada por 660 milhões de euros.
Ainda no campo do imobiliário — um mercado cada vez mais sedutor para os investidores — houve outras operações a entrarem no top 10 do M&A este ano, em Portugal. O centro comercial Almada Forum foi vendido pela gestora de fundos imobiliários norte-americana Blackstone, à espanhola Merlin Properties por 406,7 milhões de euros, enquanto o Dolce Vita Tejo passou das mãos dos norte-americanos da Baupost e dos britânicos do Eurofund para a AXA Investment Managers por 230 milhões de euros.
Na banca também houve várias operações que chegaram ao ranking das maiores operações de M&A de 2018, com a Caixa Geral de Depósitos a destacar-se. O banco público vai receber um valor total de 570 milhões de euros com a alienação das unidades em Espanha e África do Sul, numa decisão aprovada no mês passado pelo Governo. Pelo Banco Caixa Geral, os espanhóis do Abanca vão pagar 364 milhões de euros. Já a venda do sul-africano Mercantile Bank ao Capitec Bank vai render 201 milhões de euros.
Após a oferta pública de aquisição pela maioria do capital do BPI no início de 2017, o CaixaBank tem vindo a reforçar a posição no BPI, tendo comprado 8,425% das ações ao Allianz SE em maio por 178 milhões de euros, o que lhe permitiu esta semana conseguir o controlo total. A fechar o top 10 há ainda mais um negócio que envolve a banca: a venda da GNB Companhia de Seguros de Vida pelo Novo Banco à Bankers Insurance Holdings por 190 milhões de euros.
Top 10 das fusões e aquisições em 2018
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