Zona Euro vai abrandar mais. FMI corta previsão de crescimento para 1,6%
Na véspera da reunião de Davos, o FMI apresenta as novas projeções. Não há boas notícias. A economia mundial vai abrandar mais, tal como a Zona Euro. Culpa é da Alemanha, França e de Itália.
A economia mundial está a abrandar. E vai abrandar ainda mais do que o inicialmente previsto, assistindo-se a uma travagem expressiva na economia do euro. Na véspera de mais uma reunião do Fórum Económico Mundial em Davos, o Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu as previsões globais em 0,2 e 0,1 pontos percentuais, para 3,5% e 3,6% em 2019 e 2020, respetivamente. Para a Zona Euro, o corte foi ainda maior. Com travões na Alemanha, França e Itália, o PIB do euro só crescerá 1,6%.
“As previsões de crescimento globais para 2019 e 2020 já tinham sido revistas em baixa no último World Economic Outlook, em parte devido ao impacto negativo do aumento das tarifas comerciais nos EUA e na China”, diz o FMI. “A nova revisão em baixa, face à previsão de outubro, reflete, em parte, o efeito do abrandamento sentido na segunda metade de 2018“, refere o fundo liderado por Christine Lagarde.
O FMI vê o crescimento global abrandar, salientando que entre as economias avançadas, o PIB deverá travar a expansão de “uma estimativa de 2,3% em 2018, para 2% em 2019 e 1,7% em 2020”. Ambas as previsões são revistas em baixa, “essencialmente devido ao corte nas estimativas para a Zona Euro” que deverá abrandar para 1,6% em 2019 (de 1,8% em 2018), o que traduz um corte de 0,3 pontos percentuais face à última estimativa, e para 1,7% em 2020.
"As taxas de crescimento têm abrandado em muitas economias [dos países do euro], especialmente na Alemanha (devido ao baixo consumo interno, fraca produção industrial após as novas regras de medição de emissões na indústria automóvel, mas também à fraca procura externa).”
“As taxas de crescimento têm abrandado em muitas economias [dos países do euro], especialmente na Alemanha (devido ao baixo consumo interno, fraca produção industrial após as novas regras de medição de emissões na indústria automóvel, mas também à fraca procura externa)”, diz o FMI, que aponta também o dedo ao outro “motor” do euro, França. Os “coletes amarelos” estão a ter impacto na economia gaulesa; já na italiana são os juros mais elevados exigidos pelos mercados.
Mercados em tensão
Além do efeito do abrandamento sentido na segunda metade de 2018, determinante para a nova revisão em baixa das estimativas de crescimento por parte do FMI, está o “enfraquecimento do sentimento nos mercados financeiros”. O FMI vê isso mesmo através da avaliação das ações — sobreavaliadas em alguns países –, que “encolheu em resultado do menor otimismo em torno das perspetivas de resultados, do escalar das tensões comerciais e do menor crescimento global”.
O shutdown nos EUA, em resultado do diferendo em torno das verbas exigidas por Donald Trump para a construção de um muro na fronteira com o México, “também pesou no sentimento do setor financeiro no final do ano”, salienta o FMI, acrescentando que até os bancos centrais “parecem estar a adotar uma abordagem mais cautelosa”. É uma referência aos sinais que têm vindo a ser dados pela Fed de que poderá esperar antes de avançar com novas subidas de juros que possam criar mais tensão nos mercados, mas também na economia dos EUA, a maior do mundo.
Mais riscos. Brexit e China são ameaça
O tom pouco otimista do FMI continua, apontando para vários riscos para o crescimento global. “Um escalar das tensões comerciais, além daquelas já incluídas nas estimativas, continua a ser um fonte de risco para as previsões”, refere o FMI, acrescentando que “uma variedade de catalisadores por detrás do escalar das tensões comerciais poderá espoletar uma maior deterioração do sentimento perante o risco, com impacto negativo no crescimento, especialmente tendo em conta os elevados níveis de endividamento público e privado”.
Entre esses catalisadores, o fundo liderado por Christine Lagarde salienta “a saída desordenada do Reino Unido da União Europeia”, isto numa altura em que se aguardam os próximo passos do governo de Theresa May após o chumbo do acordo que negociou com os parceiros europeus. Além disso, “um abrandamento mais acentuado do que o esperado do crescimento da economia chinesa” também pode pesar ainda mais na economia global.
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