Facebook “devia preocupar-se mais” com segurança
A poucos dias de celebrar o seu 15.º aniversário, o Facebook ainda apresenta algumas falhas de segurança. O ex-diretor do CNCS considera que esta é uma temática com a qual devia preocupar-se mais.
O especialista em cibersegurança Pedro Veiga disse que o Facebook se “devia preocupar mais” com a segurança. Outros investigadores consideram que são os utilizadores que devem cuidar da sua segurança, no âmbito do 15.º aniversário da rede social.
Questionado pela agência Lusa sobre se correspondem à realidade as repetidas afirmações de preocupação com a segurança por parte de responsáveis do Facebook, que celebra 15 anos na próxima segunda-feira, o ex-diretor do Centro Nacional de Cibersegurança respondeu: “Não correspondem à realidade. Preocupam-se, mas deviam preocupar-se mais”.
O investigador da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL) considera que plataformas como o Facebook optam por soluções de segurança “mais simples de concretizar” e “mais baratas computacionalmente”. Plataformas como “o Gmail, o Facebook, o Yahoo, a Amazon”, diz Pedro Veiga, “não são muito cuidadosas” a guardar os dados dos utilizadores, “porque isso tecnicamente é mais exigente”.
Ainda assim, o académico não considera os sistemas de segurança de empresas como o Facebook “precários”, mas salientou a necessidade de “serem melhorados”, e sugeriu a utilização “dos princípios de cifragem da informação que estão por detrás da tecnologia blockchain” para guardar os dados dos utilizadores.
Já Pedro Adão, do departamento de informática do Instituto Superior Técnico (IST), releva que o “caso mais simples” de armazenamento de dados dos utilizadores é “ter uma tabela com todos os nomes de utilizadores e passwords”. No entanto, o investigador do IST não corrobora a leitura feita por Pedro Veiga, adiantando que “normalmente não se guardam as passwords, guardam-se as passwords cifradas”. “Mesmo que alguém consiga acesso a essa tabela, não vai conseguir saber qual é a minha password, vai conseguir saber qual a minha password cifrada”, explicou.
Em informação enviada à Lusa pelo Facebook, a empresa esclareceu que bloqueia vários ataques antes sequer de serem notados, mas não deu detalhes sobre a natureza dos mesmos.
A rede social Facebook esteve no ano passado envolta em polémica com a empresa Cambridge Analytica, acusada de ter recuperado dados de milhões de utilizadores da rede social, sem o seu consentimento, para elaborar um programa informático destinado a influenciar o voto dos eleitores, favorecendo, assim, a campanha de Donald Trump.
Por estas razões, os especialistas reforçam a necessidade de se consciencializar os utilizadores, tanto para questões de roubo de dados, como de partilha de dados próprios na rede social. Pedro Veiga sugere que se uma “pessoa não quer ser rastreada no Facebook, a melhor alternativa é não usar. Porque há sempre qualquer tipo de rastreamento”.
Já Pedro Adão diz que a sociedade tem de se consciencializar: “O primeiro defensor da minha privacidade sou eu. E, por isso, se eu não quero que uma coisa seja exposta, não a revelo”, diz. “Uma vez na net sempre na net”, acrescenta.
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