Esquerda pede ao PS para “não dar a mão” à direita. Tenta apoio para nacionalizar CTT
O BE, o PCP e o PEV apresentaram propostas para a nacionalização dos CTT, que estiveram em debate no Parlamento. O PS irá esperar pela auditoria do IGF antes de tomar uma decisão.
O Bloco de Esquerda (BE) e o PCP pedem ao PS para não “dar a mão” à direita no chumbo à nacionalização dos CTT, mas os socialistas querem esperar pela auditoria pedida à Inspeção Geral de Finanças (IGF). O PSD e o CDS mostram-se contra as propostas em discussão, e defendem ao invés que é necessário um regulador forte.
As propostas do BE e do PCP para a renacionalização dos CTT, bem como um projeto de resolução dos Verdes para a reversão da privatização dos Correios, foram tema de debate no Parlamento nesta quinta-feira, mas ainda antes de começar a sessão, o vice-presidente da bancada socialista, João Paulo Correia, já tinha indicado que o PS iria aguardar pela auditoria da IGF para propor medidas sobre o futuro dos CTT.
Estas propostas serão votadas esta sexta-feira, e os partidos de esquerda, um dia depois de viabilizarem o Governo, ao travar a moção de censura avançada pelo CDS e apoiada pelo PSD, pedem o apoio dos socialistas. O deputado comunista Bruno Dias espera que “na hora da votação, o PS não dê mais uma vez a mão ao PSD e ao CDS”, e chumbar a renacionalização.
“O PS pediu uma auditoria. Nós não vamos atropelar na ação política, temos de reconhecer os resultados da auditoria. Com base nisso atuaremos em conformidade”, reitera Carlos Pereira. O socialista garante que o grupo parlamentar está “muito preocupado”, mas explica que “o Partido Socialista não faz proclamações, analisa a situação, recolhe informação e atua de acordo”. O grupo parlamentar questiona ainda quanto custará esta medida, mas os partidos que apresentaram propostas não apontam um montante.
Perante esta atitude, Paulo Rios de Oliveira acusa o PS de ser “o partido troca tintas”. O deputado social democrata aponta que este é um debate ideológico, e que “os fundamentos e argumentos das propostas são hipócritas e mentirosos”. O PSD vai votar contra as propostas apresentadas pelo BE e PCP, e “exige que o contrato que está em vigor seja cumprido”, indicando que o que é necessário é um regulador forte.
O deputado do BE, Pedro Filipe Soares, diz que a privatização “foi uma das decisões mais ruinosas tomadas pelo Governo PSD CDS”, e questiona o PS se “quer deixar de falinhas mansas e passar a ação”. O bloquista acusa ainda a administração dos CTT de “descapitalizar e rapar tudo o que há para rapar”, para, no final da concessão, “dizer ao estado que não há ninguém que possa fazer o que eles fazem”.
Finalmente, o antigo socialista Paulo Trigo Pereira defende que “os CTT foram privatizados totalmente por decisão ideológica”, e que o processo deve ser revertido. Mas aponta que tal não deveria ser feito antes de o contrato de concessão chegar ao fim, para não manchar a “reputação de um Estado democrático” ao terminar abruptamente um contrato. O deputado diz que apenas o projeto do PEV se enquadra na posição que defende.
O primeiro-ministro, António Costa, disse que o Governo vai esperar até ao final do contrato da concessão do serviço postal nacional, em 2020, para avaliar a forma como a empresa tem executado as suas obrigações e depois decidir se retoma a gestão dos CTT. Do outro lado, Francisco Lacerda, o presidente executivo do operador de correios, aponta que não vê “vantagens em ter os CTT nacionalizados”, e diz-se confiante de que a maioria do Parlamento vai votar contra as iniciativas.
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