EDP quer dar três mil milhões de euros em dividendos até 2022
Atualização da estratégia da empresa implica venda de ativos para conseguir os objetivos de remuneração acionista, diminuição de dívida e reforço nas renováveis. CAPEX vai atingir os 12 mil milhões.
A EDP quer usar três mil milhões de euros até 2022 para remunerar os acionistas. Cerca de dois mil milhões serão usados para reduzir a dívida da elétrica e sete mil milhões em investimentos, segundo revela a atualização do plano estratégico para os próximos três anos, que foi publicado esta segunda-feira, um mês depois de o fundo ativista Elliott ter proposto à gestão da EDP uma série de medidas de crescimento, como alternativa à oferta pública de aquisição (OPA) da China Three Gorges (CTG).
“Vamos alocar os nossos fundos para apoiar uma remuneração atrativa dos acionistas, desalavancagem e um crescimento significativo”, refere o plano estratégico enviado esta terça-feira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). Desde 2005, a elétrica entregou cerca de oito mil milhões de euros em dividendos.
O objetivo é que o dividendo não caia abaixo dos atuais 19 cêntimos, que foi o valor entregue aos acionistas relativamente ao exercício de 2017 e também o que a empresa anunciou esta segunda-feira que irá propor para o exercício de 2018, apesar da quebra nos lucros. O rácio de payout dos lucros — que antecipa cresçam a um ritmo anual de 7% e superem os mil milhões de euros em 2022 — será de 75% e 85%, ou seja, 10 pontos percentuais acima do anterior objetivo.
Já em relação à dívida líquida da elétrica liderada por António Mexia, a meta é que caia para 11,5 mil milhões de euros, face aos atuais 13,5 mil milhões de euros. Este montante do final de 2018, conhecido esta segunda-feira, representa já uma diminuição de 3% em relação ao ano anterior, graças a um “aumento de fluxos de caixa das operações internacionais e da venda de défice tarifário em Portugal”. O rácio da dívida face ao EBITDA, atualmente em quatro vezes, poderá vir a cair até três vezes.
Seis mil milhões de euros vindos de alienações e rotação de ativos
Para conseguir estes objetivos de remuneração dos acionistas, de diminuição da dívida e de crescimento, a elétrica vai libertar financiamento através da “otimização do portefólio”, refere. “Vamos gerar mais de seis mil milhões de euros em receitas com vendas para reinvestir em renováveis e reforçar a folha de balanço”. A rotação de ativos poderá gerar mais de 4 mil milhões de euros e alienações poderão levar a um encaixe de dois mil milhões de euros, sendo que a EDP quer reduzir a exposição à Ibéria, merchant e térmica.
Em sentido contrário, vai reforçar nas renováveis. O CAPEX previsto até 2022 é de cerca de 12 mil milhões de euros, com especial foco neste segmento na América do Norte (EUA e Canadá) e Europa. Em termos anuais, irá crescer 60% para 2,9 mil milhões, de 1,8 mil milhões previstos no anterior plano. 75% do valor do CAPEX já está assegurado e o restante está em negociações.
Para o investimento nas renováveis serão alocados sete mil milhões de euros, ou seja, 75% do total. Dentro de três anos, a EDP prevê que a renováveis representem mais de 70% das fontes de geração de energia, contra os 66% com que fechou o ano passado. Do restante montante, cerca de 20% será alocado a redes e os outros 5% a soluções para clientes.
Enquanto o documento foi enviado à CMVM, o CEO António Mexia está a apresentar o plano a investidores, analistas e jornalistas, em Londres. As ações do grupo EDP reagiram em alta na bolsa de Lisboa. Às 10h45 horas, a casa-mãe segue a subir 1,25% para 3,31 euros, cinco cêntimos acima da contrapartida oferecida pelos chineses da China Three Gorges na OPA. A eólica soma 0,58% para 8,675 euros, acima dos 7,33 euros que o grupo chinês ofereceu.
(Notícia atualizada às 11h)
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