Ebay, Pernod Ricard e a EDP. Os ataques do abutre Elliott

Criado em 1977, a estratégia do fundo é simples: ganhar com países e empresas em debilidade. Além da elétrica portuguesa, o Elliott tentou publicamente influenciar a gestão de várias outras empresas.

Elliott Management Corporation é o fundo ativista mais influente do mundo. Ganhou o apelido de “abutre” devido à estratégia com a dívida argentina e, no ano passado, voltou a Portugal através da EDP. Em fevereiro, o fundo manifestou-se sobre a estratégia que gostaria de ver na elétrica portuguesa e esta terça-feira o CEO, António Mexia, vai mostrar se ficou ou não agradado com as sugestões. A EDP é, no entanto, apenas uma das várias empresas na mira do Elliott.

Criado em 1977, a estratégia do fundo é simples: ganhar com países e empresas em debilidade. E foi frutífera na América do Sul: ainda na década de 1990, comprou dívida do Peru em default, que conseguiu recuperar (e lucrar com o negócio). Na viragem do século, virou-se para a Argentina, onde recebeu 2,4 mil milhões de dólares, por dívida que havia sido adquirida por 117 milhões de dólares.

Nos últimos anos, o fundo ganhou poder e a estratégia têm-se focada também na Europa. “Nenhum ativista compara com a envergadura da atividade do Elliott Management”, refere a The Activist Investing Annual Review 2019, que o colocou no topo do ranking dos mais influentes ativistas.

Os dados relativos ao ano passado mostram que o Elliott tomou posições públicas sobre 24 das empresas em que detinha participações. No total dos dois fundos multi-ativos geria 34 mil milhões de dólares. Esse foi também o ano em que comprou 2,29% do capital da EDP (tendo apresentado um plano público apenas este ano), depois de ter já rondado Portugal em 2011 e 2014 através de posições curtas no Banco Espírito Santo (BES) e na Portugal Telecom (PT).

“A Elliott Management liderou todos os ativistas com um recorde de nove campanhas públicas lançadas a empresas europeias ao longo de 2018. Esses esforços resultaram numa série de resultados favoráveis para a Elliott, incluindo o controlo de dois terços dos assentos do board da Telecom Italia e uma campanha ao lado da Sachem Head Capital Management, que fez com a Whitbread vendesse a sua popular cadeia Costa Coffee”, explica o relatório da Activist Insight.

Para este ano há novos alvos. O Ebay está entre os mais mediáticos, depois de ter enviado uma carta à administração onde recomendava a separação ou venda do negócio de bilhetes StubHub e também do negócio de anúncios de classificados. Também sugeriu que o negócio principal da eBay, o marketplace online, fosse separado e vendido. No final do mês passado, o Wall Street Journal noticiava um acordo que poderia levar à entrada deste e outro investidor ativista no conselho de administração da plataforma de comércio online.

O secundo maior grupo global de bebidas espirituosas, o francês Pernod Ricard, também é um dos alvos. No final do ano passado, o Elliott criticou a empresa por não ter conseguido aumentar as margens do negócio apesar do crescimento das vendas. Na semana passada, o CEO e neto do fundador Alexander Ricard anunciou um plano estratégico, com o objetivo de subir as margens e a remuneração dos acionistas nos próximos três anos.

Já no caso da fabricante automóvel Hyunday, o sucesso não é tão garantido. O fundo ativista quer que sejam atribuídos 6,2 mil milhões de dólares em dividendos da Hyundai Motor e da Hyundai Mobis, argumentando que a criação de novos sub-comités de governance iriam libertar capital para aproveitar novas oportunidades. No entanto, os acionistas ainda não votaram a proposta e outros acionistas já se manifestaram contra a ideia.

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