Bolsonaro não descarta apoio a possível intervenção dos EUA na Venezuela
Bolsonaro afirmou que o Brasil e os Estados Unidos "farão o possível" no combate à ditadura de Maduro. Não descartou ceder o território brasileiro para uma eventual intervenção dos EUA na Venezuela.
Depois de se ter reunido nesta terça-feira com o presidente americano Donald Trump, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que o Brasil e os Estados Unidos “farão o possível” no combate à ditadura de Nicolás Maduro. O presidente do Brasil não descartou ceder o território brasileiro para uma possível intervenção militar norte-americana na Venezuela, segundo adianta o site brasileiro UOL.
Bolsonaro não detalhou as ações a tomar em conjunto e deu resposta evasiva quando questionado por um jornalista se permitiria a fixação de uma base militar americana no Brasil para dar apoio à intervenção na Venezuela. Em janeiro, Bolsonaro tinha descartado essa possibilidade.
“Tem certas questões que, se você divulgar, deixam de ser estratégicas”, afirmou o brasileiro para justificar a falta de resposta à questão. “Essas questões reservadas, que podem ser discutidas, se já não foram, não poderão se tornar públicas”, afirmou Bolsonaro ao lado de Trump, em frente da Casa Branca.
Depois, já fora da Casa Branca, Bolsonaro minimizou a intenção bélica. Questionado por uma jornalista se vai privilegiar a diplomacia ou a intervenção na Venezuela, Bolsonaro disse: “Diplomacia em primeiro lugar, até as últimas consequências.”
Donald Trump quer Brasil como aliado na NATO
Já o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que deseja ter o Brasil como um aliado dentro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), organização militar comum de defesa, que conta com 29 países-membros.
“Tenho a intenção de designar o Brasil como um aliado especial fora da NATO e até mesmo como um aliado dentro da NATO. Isso poderia melhorar nossa cooperação. As nossas nações estão a trabalhar juntas para proteger o povo do terrorismo do crime transnacional e do tráfico de drogas, armas e pessoas, algo que é prioridade”, disse Donald Trump, na conferência de imprensa conjunta com o Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, na Casa Branca, em Washington.
O Brasil poderá assim tornar-se no segundo país da América Latina, depois da Argentina, e apenas o décimo oitavo país do mundo a obter o estatuto especial de aliado militar estratégico dos EUA fora da NATO.
Ao longo de toda a conferência de imprensa, Trump elogiou o percurso de Bolsonaro, tanto durante a campanha eleitoral como já no cargo de Presidente, declarando que os dois países têm “valores em comum”, como a importância da “família”, e a “fé no país”.
Donald Trump lembrou que os EUA foram o primeiro país a apoiar a independência do Brasil e que na segunda guerra mundial aquele país apoiou os EUA no conflito, acrescentando que os dois chefes de Estado pensam “de forma muito parecida”, referindo o apoio brasileiro ao povo venezuelano.
“Conversamos muito de nossas prioridades mútuas. O Brasil tem sido um líder extraordinário para ajudar o povo da Venezuela. Junto com os EUA, o Brasil foi um dos primeiros a reconhecer Juan Guaidó como presidente interino”, lembrou.
“Expresso a minha gratidão profunda ao Presidente Bolsonaro pelo Brasil ter permitido a passagem de ajuda humanitária para os venezuelanos pelo território brasileiro”, declarou Trump, na Casa Branca.
O governante dos EUA manifestou-se também acerca do acordo, firmado nesta segunda-feira, que permite aos Estados Unidos da América o lançamento de satélites a partir da base de Alcântara, no Estado brasileiro do Maranhão.
“Depois de 20 anos de conversações, finalmente terminamos o acordo para lançamento de satélites. (…) Economizaremos dinheiro com isso”, frisou Trump.
No início do encontro na Casa branca, o chefe de Estado norte-americano afirmou que apoia a entrada do Brasil na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).
“Eu estou a apoiar os esforços deles [brasileiros] para entrar [na OCDE]“, disse Trump, ao lado de Bolsonaro, sem dar mais detalhes sobre o assunto.
Bolsonaro está em visita oficial aos Estados Unidos desde o passado domingo e deverá regressar ao Brasil ainda esta terça-feira.
O encontro entre os dois Presidentes é considerado um primeiro passo para uma reconfiguração das relações entre Washington e Brasília.
Jair Bolsonaro admitiu que escolheu os Estados Unidos como o primeiro destino para uma visita oficial desde que assumiu a Presidência do Brasil, em 1 de janeiro, para deixar claro o desejo do seu Governo de se aproximar e alinhar-se as políticas de Donald Trump, de quem afirma ser um confesso admirador.
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