Hora muda, mas pode ter o tempo contado. Quem quer mudar e porquê?

A proposta para abolir as mudanças de hora foi aprovada no Parlamento Europeu, mas vários países continuam a opor-se. Entre os que estão contra está Portugal.

Na madrugada deste domingo, os relógios serão adiantados em uma hora. Em outubro, mexe-se nos ponteiros outra vez, para recuar uma hora e entrar no horário de inverno. Estas mudanças, duas vezes por ano, começaram a ser implementadas no século passado para poupar energia e aproveitar a luz do sol. Mas hoje em dia, questiona-se a eficácia da medida, e elevam-se várias vozes para terminar com os diferentes horários.

Na Europa, os países estão divididos. O Parlamento Europeu aprovou a proposta da Comissão Europeia que prevê o fim da mudança de hora em 2021. A medida estava inicialmente prevista para março deste ano, mas perante a oposição de muitos Estados membros, incluindo Portugal, a iniciativa foi adiada dois anos. A decisão, apesar de ter passado no Parlamento Europeu, tem ainda de ser aprovada pelo Conselho Europeu.

Por cá, o Governo já indicou que quer continuar a mudar a hora, uma decisão que teve por base um parecer do Observatório Astronómico de Lisboa (OAL), a entidade competente na matéria. António Costa defendeu que Portugal deve manter o atual regime bi-horário e ter uma hora de verão e uma hora de inverno, considerando que “o bom critério e único é o critério da ciência”, em declarações à TVI.

O relatório, escrito pelo diretor do OAL, Rui Agostinho, aponta que “o cerne da escolha está na dependência humana no ciclo diário das ‘horas com luz’ para atividade, seguido do período das ‘horas escuras’ para o repouso”. Se o horário de verão se mantivesse sempre, ia amanhecer mais tarde, em alguns casos por volta das 9h00.

A par de Portugal, a Grécia e a Holanda são outros dos países que mostram relutância em acabar com as mudanças. Já Estados-membros como a Finlândia e a Estónia defendem que se deve adotar apenas um horário. Aqui ao lado, em Espanha, o Governo apoiou a proposta da Comissão Europeia. As alterações ao modelo horário são frequentemente discutidas pelos espanhóis depois de Francisco Franco decidir, em 1941, alinhar o fuso com Berlim, em apoio a Hitler.

Aqueles a favor de mudar as horas baseiam-se principalmente no aproveitamento da luz solar, e os seus benefícios. Por outro lado, os efeitos de alterar as rotinas, nomeadamente do sono, na saúde das pessoas, bem como na produtividade, é o que mais preocupa aqueles que são contra as mudanças. O incómodo de ter de ajustar os horários de serviços como os transportes também não abona a favor das mudanças. Já a poupança de energia, que esteve na origem da medida, acaba por ter um impacto residual atualmente, deixando de pesar tanto na decisão.

E fora da Europa?

Os Estados Unidos também se debatem com esta questão. Vários estados norte-americanos já avançaram com propostas para mudar o apelidado “daylight saving time, ou acabar com as mudanças de todo. O próprio presidente, Donald Trump, também já indicou na sua conta oficial do Twitter que não tinha objeções a tornar o que por cá chamamos o horário de verão permanente.

No Canadá, a discussão é antiga e várias petições foram assinadas para deixar de mudar a hora duas vezes por ano, mas ainda nada mudou. A ideia não é impossível, já que em países como a Rússia ou a Turquia adotou-se apenas um dos horários durante todo o ano.

Já pelo Japão, os relógios não são mudados todos os anos. Mas a medida foi considerada para os Jogos Olímpicos a realizar-se no verão de 2020, depois de ondas de calor no verão do ano passado levantarem preocupações relativamente à saúde dos atletas. O responsável pela edição dos Jogos Olímpicos em Tóquio propôs adotar um horário de verão, para que as provas ocorressem a horas de menos calor, mas a ideia foi rejeitada pela opinião pública, de acordo com a Reuters (acesso livre/conteúdo em inglês).

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