TAP acredita que EUA e Brasil possam trazer mil milhões de euros, cada, para as suas contas
Presidente da companhia aérea quer aumentar presença nos Estados Unidos, mas sem perder "um cêntimo de quota" no Brasil. TAP acredita que 2019 será o ano da consolidação na América do Norte.
Apesar de a TAP ter aumentado as vendas no Brasil ao longo do ano passado, a depreciação da moeda brasileira não só anulou este crescimento, como o inverteu. Se as contas da transportadora medidas em reais mostram um crescimento de 8% no encaixe com vendas no Brasil, o registo da faturação em euros passa a representar uma queda de 9,5% nas contas da companhia aérea. Reduzir a dependência deste mercado é, por esta razão, uma prioridade. O Brasil voltou a representar quase um quarto das receitas da TAP, tal como acontece há vários anos
“O resultado da receita foi positivo em 2018, mesmo perante um cenário de desvalorização cambial e incerteza política no Brasil, mercado que representa cerca de 22% da receita vendida da TAP. Esta conjuntura resultou numa queda significativa da receita do maior mercado da companhia, em 10%, em euros, face a 2017”, conforme escreveu a comissão executiva da empresa, em mensagem enviada aos colaboradores no dia em que divulgou os resultados de 2018. Para evitar esta volatilidade, ou contê-la, a companhia quer reforçar a exposição a mercados maiores, mais estáveis e menos voláteis.
O aumento da rede levado a cabo nos últimos anos já respondeu, em parte, a esta necessidade da transportadora. Desde a privatização, enaltece a comissão executiva na mesma carta, “o número de rotas” para a América do Norte “aumentou de duas para oito. Ou seja, quase o total de rotas que a TAP tem para o Brasil, que são 10” e, ao longo do ano passado, a empresa diversificou receitas com a abertura de novos destinos e o aumento da quantidade de voos realizados, obtendo um crescimento de 10% na América do Norte.
Nos últimos 18 meses, a transportadora anunciou 17 novas rotas, três das quais para o mercado norte-americano — Chicago, São Francisco e Washington, estão à venda desde o ano passado, mas só começam a operar em junho –, esperando por isso que o corrente exercício seja o “ano de consolidação do mercado da América do Norte como um dos nossos principais reatores de crescimento”. A administração da TAP acredita que conseguirá captar o enorme potencial deste mercado, tendo dado conta disso mesmo numa entrevista ao Público, divulgada esta sexta-feira. Aumentar a receita nos EUA, permitirá reduzir a ‘responsabilidade’ do Brasil para as contas da TAP.
“O Brasil hoje faz mais ou menos 800 milhões de euros por ano para a TAP, os Estados Unidos fazem 400, 500 [milhões]. Não vejo razão para que os dois não possam fazer mil milhões cada um“, explicou Antonoaldo Neves, presidente-executivo da companhia ao diário. “Com os [Airbus] 321 Long Range vamos aumentar a nossa receita no Brasil”, assegurou, pois a intenção da companhia é não abrir mão de crescer no Brasil.
“A percentagem vai diminuir, quando o resto do bolo ficar maior”, reforçou David Neeleman, principal acionista privado da TAP, também presente na conversa com o Público. O acionista explicou a estratégia: os Airbus 321 Long Range serão adjudicados às ligações para o Nordeste Brasileiro, forma de a TAP enfrentar com mais ‘músculo’ a crescente concorrência.
“Mas mais importante do que isso é os 321 irem para o Nordeste, porque o prejuízo que nós sofremos quando o Brasil cai é mais focado no Nordeste, em Recife, Fortaleza… Agora temos concorrentes como a Air France e KLM que estão indo para Fortaleza, voando com os A340. E nós podemos colocar os A321, com um custo que é metade do que temos hoje e podemos ter mais frequências”, detalhou Neeleman.
Além da redução de custos com estas frequências, o reforço da frota permitirá ainda à TAP aumentar as frequências semanais para o Brasil para mais de 100. “Hoje temos 82 frequências por semana para o Brasil, que com os 321 Long Range podem chegar a 110, 120 frequências por semana para o Brasil”, apontou Antonoaldo Neves. A aposta no Brasil é assim para reforçar mas, desta feita, ao mesmo tempo que outros mercado. Porque “quando o Brasil não crescer mais, vamos crescer muito nos Estados Unidos”.
Na entrevista ao Público, o presidente da transportadora aérea defendeu ainda que apesar de 2019 ser ainda um ano de transição — “temos muitas aeronaves a entrar e a sair” –, a expectativa da administração é fechar as contas com um resultado positivo, ainda que longe do potencial que identificam no grupo TAP.
“A nossa expectativa é a de ter um resultado positivo este ano, mas ainda não o resultado que ilustra todo o potencial de rentabilidade que a TAP vai ter no ano que vem, em 2020. Porque vai haver uma expansão da margem da TAP, que é natural em empresas que estão renovando a frota e crescendo ao mesmo tempo.”
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