BE considera que mais importante que PIB é o investimento nos serviços públicos
"Precisamos de investimento no Serviço Nacional de Saúde, na escola, na justiça e em tantas áreas do nosso país em que há falta de investimento", afirmou Catarina Martins.
A coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, disse esta terça-feira que mais importante que os valores do Produto Interno Bruto (PIB) são as opções que se tomam e o investimento nos serviços públicos. “Há também – e o ministro das Finanças já o disse – uma subavaliação do nosso PIB neste momento. Esses são números que têm de ser vistos com algum cuidado”, disse.
“Mais importante são as opções que temos, face ao crescimento que tivermos”, continuou Catarina Martins quando confrontada com a notícia avançada pelo ECO, que aponta que o Governo vai rever a previsão de crescimento para 1,9% no próximo Programa de Estabilidade.
A líder do Bloco disse desconhecer, para já, este indicador, ao falar aos jornalistas à margem de uma reunião na Associação Bajouquense para o Desenvolvimento com organizações locais, sobre a prospeção e produção de petróleo na região, no concelho de Leiria.
“O enorme risco é a falta de investimento nos serviços públicos. Precisamos de investimento no Serviço Nacional de Saúde, na escola, na justiça e em tantas áreas do nosso país em que há falta de investimento”, declarou.
Para Catarina Martins, não se pode “correr o risco ou ter a irresponsabilidade de travar investimentos essenciais na saúde, na educação ou na justiça”, para se fazer “uma corrida imprudente para lá das metas do défice acordadas ou por causa da irresponsabilidade do Novo Banco estar a custar três vezes mais daquilo que o previsto”.
Confrontada com a resposta do ministro das Finanças, Mário Centeno, em entrevista ao Público, ao dizer que desconhecia qual o conjunto de medidas de caráter social que não teriam avançado se não fossem os partidos mais à esquerda, Catarina Martins constatou: “A enorme vantagem do acordo que foi feito em 2015 é ele estar escrito e os vários passos que foram dados estarem nos acordos e nas propostas que foram feitas”. “Pode tentar-se reescrever a história as vezes que se quiser, mas os acordos ficaram escritos e toda a gente os pode ler”, frisou.
Catarina Martins reiterou a “importância” da criação de uma entidade para a transparência e lamentou o “recuo do PS e PSD em medidas importantíssimas para combater a porta giratória entre negócios e política, nomeadamente permitindo a deputados advogados continuarem nas sociedades de advogados havendo toda a promiscuidade de decisão”.
Sobre o encontro com as organizações da Bajouca, que querem impedir a prospeção e exploração de gás na região, a líder do BE recordou que “o anterior Governo fez uma série de contratos de concessão para permitir a prospeção e a exploração de petróleo e gás no país”.
Considerando que “é um risco pelo risco” e um “grande negócio para a multinacional que tem a concessão”, Catarina Martins referiu que Portugal é “signatário dos acordos de Paris” e “comprometeu-se a que não podem ser exploradas mais de 10% das reservas já existentes de petróleo e gás”.
Segundo Catarina Martins, o “Bloco de Esquerda vai propor que a Comissão de Economia e a Comissão de Ambiente possam ouvir estas pessoas que estão aqui a lutar pela sua terra, mas também estão a lutar pelo meio ambiente, contra as alterações climáticas e merecem toda a nossa solidariedade”.
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