BPI começa hoje a cobrar transferências MB Way. Saiba como evitar os custos

O banco começa hoje a cobrar pelas transferências feitas pela app MB Way. Em junho é a vez do BCP. Mas nem todos os clientes vão pagar. Saiba quem está isento e as opções sem custos que há no mercado.

Costuma usar o MB Way para fazer transferências bancárias? Então prepare-se para o pontapé de saída na cobrança de comissões por este serviço. O BPI é o primeiro banco a entrar em campo ao começar a cobrar a partir desta quarta-feira a alguns clientes na realização de transferências MB Way. Mas não é o único. Dentro de mês e meio também o BCP vai começar a fazê-lo. Nem todos os clientes dos dois bancos serão atingidos por esses custos, mas poderá ser o ponto de partida para outras instituições lhes seguirem as pisadas. Mas há forma de contornar esses custos. Saiba como e conheça algumas alternativas disponíveis no mercado.

Foi no início de fevereiro que o BPI atualizou o seu preçário a dar conta de que a partir deste dia 1 de maio começava a aplicar uma comissão de 1,248 euros por cada transferência MB Way. Essa quantia passa a ser cobrada apenas aos clientes do banco que optem por usar a app do MB Way, criada pela SIBS, a gestora do Multibanco e comum a todos os bancos. Isentos ficam os clientes que realizem este tipo de transferências, mas através da app BPI.

Cerca de dois meses após o BPI, foi a vez de também o BCP dar conta no início de abril de que no preçário a entrar em vigor a 17 de junho também iria passar a aplicar uma comissão sobre as transferências MB Way. No caso do banco liderado por Miguel Maya, o custo a cobrar vai variar consoante a plataforma utilizada.

Os clientes que a partir dessa data utilizem a app Millennium para realizarem transferências MB Way passam a pagar 0,52 euros por cada operação. Já os que façam o mesmo tipo de transferências, mas utilizem a app MB Way, o custo de cada operação passa a ser de 1,248 euros. Isentos de qualquer custo estão os clientes com soluções integradas. Especificamente: “Cliente Frequente”, “Millennium GO!”, “Programa Prestige, “Programa Prestige Direto” e “Portugal Prestige”. Clientes com até 23 anos de idade também não pagam por esse serviço.

Ligação forte ao banco contorna custos do MB Way

O tipo de estrutura do comissionamento das transferências MB Way que o BPI e o BCP estão a implementar promove uma relação de troca em que isentam ou cobram menos desde que os clientes mantenham uma ligação forte com a instituição.

É o caso da isenção da comissão sobre as transferências MB Way aos clientes que utilizem ou adiram às contas “pacote”, como acontece no BCP. O mesmo acontece quando há isenção — caso do BPI — ou é cobrado menos — caso do BCP — aos clientes que efetuem as transferências MB Way através da app do banco em vez da app MB Way disponibilizada pela SIBS.

Os clientes destes bancos que pretendam eliminar ou reduzir da sua fatura de custos a cobrança pelas transferências MB Way têm assim essas vias. Quem não esteja disposto a isso, a alternativa é trocar ou abrir conta noutra instituição financeira que não aplique comissões por esse serviço.

Mudar de banco pode ser solução. Mas até quando?

Mas grande parte dos bancos já está preparada para cobrar pelas transferências MB Way, algo que já está refletido aliás nos respetivos preçários, apesar de não as estarem a aplicar. O custo pode ir até aos 1,56 euros, valor que é usado pelo ActivoBank nas transferências MB Way para contas domiciliadas noutros bancos.

“Embora ainda não estejam a cobrá-las, podem fazê-lo a qualquer momento, pois o custo está previsto e foi validado pelo Banco de Portugal, que regula o setor bancário”, alertava a Deco numa nota publicada nesta terça-feira no seu site.

A associação de defesa dos consumidores referia ainda a este propósito que os preços aplicados a uma operação na app móvel MB Way “são desproporcionais”. “Em média, o consumidor poderá pagar até 1,50 euros [valor antes de Imposto de selo] para transferir qualquer montante, seja dois euros ou dez euros, seja 750 euros (limite máximo permitido pela aplicação)”, refere a Deco, lembrando ainda que segundo dados oficiais da SIBS, mais de uma em cada quatro transferências realizadas através desta aplicação são de montante inferior a 10 euros. “Tal significa que o consumidor passa a suportar uma comissão que pode atingir cerca de 15% do valor da transação”, calcula a mesma entidade.

"Embora ainda não estejam a cobrá-las [comissões pelas transferências MB Way], podem fazê-lo a qualquer momento, pois o custo está previsto e foi validado pelo Banco de Portugal, que regula o setor bancário.”

deco

Nesse sentido, apela ao Banco de Portugal que passe a estipular um teto máximo de 0,2% ao valor das comissões a cobrar em cada transferência com MB Way. Numa transferência de 750 euros, o limite máximo possível através do MB Way, o custo da operação para o cliente seria no máximo de 1,5 euros.

Bancos digitais também são alternativa

Mas há mais formas de evitar estes encargos. Uma via para o conseguir é recorrer à oferta da banca digital. Existem diversos operadores desse universo que a par de “benesse” noutros serviços também não cobram pelas transferências bancárias.

Entre os operadores em que tal é possível está a Revolut. É praticamente um banco digital que já tem licença para operar na Europa e já acumulou mais de 140 mil clientes em Portugal desde a chegada ao mercado nacional em outubro de 2017. A Revolut permite a criação e o carregamento de uma conta que funciona através de uma aplicação que se instala no telemóvel. É através dessa aplicação que é possível realizar pagamentos ou transferências, após a criação de um cartão virtual, mas também físico. A realização de transferências bancárias, seja dentro ou fora do país, é gratuita, e só entre contas Revolut.

O mesmo tipo de isenção é garantida em operadores digitais como a N26, a Monese ou a Paypal, sendo que qualquer destes operadores tem autorização para operar na Europa e em Portugal, especificamente.

Foi no início de 2018 que a N26 começou a operar em Portugal, sendo possível abrir conta a partir da aplicação em apenas 8 minutos. De resto, funciona como qualquer outro em termos de operações bancárias que permite executar. Ao abrir conta, recebe um cartão Mastercard que pode utilizar em qualquer ATM, à semelhança do que acontece com a Revolut. Para depositar na sua conta, basta fazer uma transferência do seu banco atual para o N26. Não é cobrada comissões de manutenção da conta, pelo menos no plano mais básico. Com o N26 não paga transferências feitas via TransferWise. Também é possível efetuar transferências MoneyBeam instantâneas usando apenas um endereço de email ou um número de telefone.

Já o Paypay passou a disponibilizar no início deste ano algumas novas funções semelhantes ao MB Way. Passou a ser possível enviar e solicitar dinheiro facilmente entre amigos e familiares. Enviar dinheiro em território nacional é gratuito com a funcionalidade Amigos e familiares, qualquer que seja a fonte de financiamento. Ou seja, permite enviar dinheiro desde a conta ou desde um cartão de crédito ou débito.

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