“A última ceia”: a foto que juntou direita e esquerda

Foi por volta das 18h30 que foi captado o momento mais simbólico da maioria negativa que aprovou a contagem integral do tempo de serviço congelado aos professores.

Na semana em que o mundo recorda o mestre renascentista que morreu há 500 anos, os deputados da direita à esquerda juntaram-se ontem na Assembleia da República num momento único captado pelas câmaras fotográficas, telemóveis e pelas televisões e que fez lembrar a “Última Ceia” de Leonardo Da Vinci.

Pela menos foi essa a interpretação do anterior ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, no Facebook: “Uma imagem que irá perdurar por muito tempo. Parece estabelecer um trágico paralelo, no nosso imaginário, com a tela pintada por Leonardo Da Vinci da ‘Última Ceia’. Também aqui aflora o espírito da traição e da irresponsabilidade.”

Independentemente das interpretações políticas do momento, a fotografia marca um momento simbólico em que o PSD, CDS, Bloco e PCP se juntam para aprovar um diploma sobre a contagem integral do tempo de serviço dos professores contra a vontade do Governo e dos socialistas.

Foi por voltas das 18h30 que os deputados da oposição se juntaram à mesma mesa para consensualizar um texto único que agradasse aos comunistas, bloquistas, centristas e social-democratas.

Da esquerda para a direita (sem conotações políticas) na foto (em cima) estão: Ilda Araújo Novo do CDS-PP; um funcionário parlamentar de gravata azul; Ana Rita Bessa também dos centristas; Ana Mesquita do PCP no centro da fotografia; Joana Mortágua do Bloco do Esquerda em pé; Margarida Mano do PSD ao lado da assessora do partido para a área da Educação Eugénia Gamboa (em pé); e, por fim, Pedro Alves, deputado do PSD.

Esta reunião começou depois do plenário, por volta das 17h00. Após vários momentos de discussão, diversas pausas, conversas paralelas, cafés e negociações à direita e à esquerda, perante o olhar incrédulo de Porfírio Silva, o deputado do Partido Socialista desabafou no final: “Isto é pôr em causa toda uma legislatura de recuperação de direitos e rendimentos”.

Recorde-se que o diploma aprovado por esta maioria negativa prevê: por um lado, a reposição da contagem integral dos 9 anos, 4 meses e 2 dias que estiveram congelados, remetendo o calendário de reposição para as negociações entre o Governo e sindicato. Por outro lado, concordaram que o pagamento dos 2 anos, 9 meses e 18 dias, que já tinha sido aprovado pelo Governo, tenha efeitos a partir de janeiro de 2019, mesmo que o pagamento possa via ser feito de forma retroativa, em janeiro de 2020.

 

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