Governo em contacto com ANTRAM e sindicato dos motoristas. “Continuará esforços” para evitar nova greve
Ministério das Infraestruturas e Habitação está em contacto com as duas partes "e continuará esforços" para que greve seja desconvocada.
O Ministério das Infraestruturas e da Habitação (MIH) assegurou esta quinta-feira de manhã ao ECO que está em contacto com Associação Nacional de Transportes Públicos de Mercadorias (ANTRAM) e o Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP), e que “continuará os esforços para que as partes se entendam e a greve seja desconvocada”, referiu fonte oficial do MIH.
O gabinete de Pedro Nuno Santos tem servido como mediador no conflito laboral entre patrões e motoristas de matérias perigosas, cujas negociações ficaram esta quarta-feira à beira do colapso, depois do SNMMP ter acusado a ANTRAM de ter publicado “falsidades” sobre os detalhes em discussão. O sindicato fez chegar um pré-aviso de greve para 23 de maio, três dias antes das eleições europeias.
“O Governo está em contacto e continuará os esforços para que as partes se entendam e a greve seja desconvocada”, apontou então fonte oficial do MIH ao ECO.
O SNMMP anunciou na quarta-feira que fez chegar ao governo um pré-aviso de greve para 23 de maio, na sequência da divulgação de informações que diz ser falsas por parte da ANTRAM. A associação que representa os patrões divulgou em comunicado que na última reunião com o sindicato este tinha recuado nas pretensões e apresentado uma contraproposta para um salário base de 700 euros — contra a exigência inicial de 1.200 euros.
Nada mais falso, explicou o SNMMP ao ECO. Pardal Henriques, advogado do sindicato nas negociações explicou que o SNMMP decidiu avançar com o pré-aviso de greve depois de ter constatado no comunicado da ANTRAM aquilo que representava uma “falta de cumprimento da palavra” que tinha sido dada pela associação.
"O Governo está em contacto e continuará os esforços para que as partes se entendam e a greve seja desconvocada.”
Segundo explicou, o SNMMP tinha concedido um prazo de dois anos para se atingir “o salário base que estávamos a pedir [1.200 euros], sendo certo que em janeiro de 2020 o salário já seria de 1.010 euros”, revelou.
Em resultado do comunicado da ANTRAM, apontou Pardal Henriques, “temos 800 motoristas determinados a fazer uma greve nas mesmas dimensões da anterior. Por isso é que não anunciámos ontem os valores, aquilo que dissemos é que estaria muito próximo do que tínhamos reivindicado, sendo certo que concedemos este prazo… E depois eles aparecem com este comunicado… Isto é disparatado e clara má-fé”, reiterou.
Em apoio da atitude tomada pelo SNMMP veio o Sindicato Independente de Motoristas de Mercadorias (SIMM), que horas depois do anúncio do pré-aviso de greve por parte dos motoristas de matérias perigosas veio manifestar a sua total disponibilidade para lutar lado a lado com o SNMMP, tal como o ECO deu conta.
“O resultado da reunião do SNMMP com a ANTRAM, não nos deixa alternativa senão declarar desde já o apoio aos motoristas de matérias perigosas e assume total disponibilidade para lutar lado a lado com o sindicato que os tem liderado nesta luta que é de todos”, refere o SIMM em comunicado.
Na eventualidade uma paralisação conjunta entre o SNMMP e o SIMM, à dificuldade de distribuição de combustíveis, juntar-se-á a possibilidade de falhas no abastecimento de alimentos e outros produtos a supermercados.
Já a ANTRAM reagiu no final da noite de quarta-feira, manifestando-se “totalmente empenhada” em encontrar uma solução de consenso e também na manutenção de um “bom clima negocial”.
Em comunicado divulgado já ao final da noite de quarta-feira, a ANTRAM esclareceu que na nota onde divulgou que os motoristas tinham recuado nas pretensões de um salário base de 1.200 euros apenas pretendia “comunicar aos seus associados pontos relevantes da proposta apresentada pelo SNMMP para evitar um escalar de dúvidas e consequente agitação nas empresas”.
Nesta nota, porém, a associação que representa as empresas de transporte não fez qualquer menção aos valores negociados, nem esclareceu a diferença entre os 700 euros que diz terem sido negociados para salário base a partir de janeiro e e os 1.010 euros referidos pelo sindicato para o mesmo salário base.
(Notícia atualizada às 9h00)
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