Praia pode tramar as Europeias? Cinco dicas para um voto rápido

A taxa de abstenção nas eleições europeias, que ocorrem entre maio e junho, tem sido elevada. Há quem prefira passar o dia na praia, mas é possível votar e ir a banhos.

Domingo é dia de eleições europeias. Será também um dia em que os termómetros vão subir, com as temperaturas a aproximarem-se dos 30 graus. Historicamente, as eleições para o Parlamento Europeu são marcadas por altos níveis de abstenção e a preocupação com a influência de fatores como o tempo quente até já chegou às campanhas.

António Costa apelou ao voto no último almoço da campanha socialista para as eleições europeias, tendo em mente o calor que se vai sentir. “Há tempo para tudo. Aqueles que querem celebrar a vitória na taça que a celebrem, aqueles que querem ir à praia podem ir à praia. Há tempo para tudo. Por favor, dediquem meia hora para irem votar”, disse, citado pela agência Lusa.

Mas será que a vontade de ir à praia influencia a participação nas eleições europeias? Nas últimas duas eleições, em 2009 e 2014, as temperaturas rondavam os 22 graus, menos apelativas do que este ano. No entanto, existe outro fator, também mencionado pelo primeiro-ministro, que costuma entrar em jogo na hora de eleger os deputados para o Parlamento Europeu. Tipicamente realizadas no fim de maio ou em junho, coincidem muitas vezes com eventos desportivos, que movem multidões.

Em 2004 teve lugar em Portugal o Campeonato Europeu de Futebol, que tinha dado o pontapé de partida precisamente no dia antes das eleições. Já 2014, quando se atingiu uma taxa recorde de abstenção no país, de 66,3%, foi ano de mundial. Para este domingo estava também marcada a final da Taça de Portugal, mas a partida foi adiantada para sábado, precisamente para não coincidir com as eleições.

Taxa de abstenção em Portugal nas eleições europeias

Podem existir vários motivos que afastam os portugueses das urnas de voto, mas estes, o calor e o desporto, apresentam-se como marginais para os politólogos. O professor universitário e investigador de ciência política José Adelino Maltez aponta o facto de as pessoas não “sentirem a cidadania europeia” como uma das principais razões que desmotivam a participação nestas eleições.

“Os eurodeputados fecham-se. O povo não os conhece”, continua. De facto, uma sondagem realizada pelo ISCTE/ICS para a SIC e Expresso revela que 69% dos portugueses não conhecem um único eurodeputado português. “O sistema não apela à participação”, continua Adelino Maltez.

O politólogo António Costa Pinto lista também a “grande distância da cidadania europeia no geral e do Parlamento Europeu” como um fator de alienação dos eleitores. Para além disso, refere ainda como justificação para a abstenção o “desconhecimento que os portugueses têm dos poderes do Parlamento Europeu”.

Se olharmos para as taxas de participação dos portugueses nas eleições europeias, estas têm vindo a diminuir desde 1999. A partir dessas eleições, a abstenção esteve sempre acima dos 60%. As sondagens apontam para que, neste ano, se verifique uma subida ligeira da abstenção em relação às últimas europeias. “Quando as coisas são dramáticas, o povo participa, quando sente que não vale a pena, não participa”, atira Adelino Maltez.

Voto rápido… antes da praia

As temperaturas podem ter, habitualmente, um impacto marginal na elevada abstenção nas eleições, mas este ano, tendo em conta que em Lisboa as máximas serão de 29 graus, em Albufeira chegam aos 30 graus e em sítios do país como Santarém, Setúbal ou Évora vão mesmo alcançar os 32 graus, até podem ajudar a agravar o resultado.

Com estas previsões, grande parte dos portugueses pensará, obviamente, em praia. Mas, votar não tem de ser um ato demorado. E há alguns truques para evitar que o cumprimento de um direito, que é ao mesmo tempo um dever, possa encaixar nos planos daqueles que pretendem ir banhos. Aqui estão cinco dicas:

  • Urnas abrem logo às 8h00. Se quer aproveitar o dia de praia, pode aproveitar para votar logo de manhã cedo. As urnas abrem às 8 horas da manhã, permitindo aproveitar o resto do dia. Como só fecham às 19 horas — e se já estiver dentro da assembleia de voto a esta hora ainda pode votar –, também pode depositar o voto no regresso da praia.
  • Ter os documentos necessários. O número de eleitor foi abolido, por isso é menos um documento que tem de carregar. Basta ter consigo um documento de identificação civil, como o cartão de cidadão. Mas mesmo se se esquecer da identificação não tem de voltar atrás. Pode votar desde que a sua identidade seja reconhecida unanimemente pela mesa ou por dois eleitores devidamente identificados.
  • Saber antecipadamente onde vota. Para chegar e dirigir-se logo ao local onde irá votar é muito simples. Pode enviar um SMS grátis para o 3838, onde escreve “RE (espaço) número CC ou BI (espaço) data de nascimento (anomêsdia)”, ou ver online no Portal do Recenseamento. Também pode descarregar a app MAI Mobile, ou ir ver à Junta de Freguesia.
  • Aproveitar as promoções. Para incentivar o voto, algumas empresas de transportes oferecem descontos para facilitar a deslocação até às urnas. É o caso da Lime, que está a oferecer viagens gratuitas. O código estará na newsletter enviada aos utilizadores, e é válido entre as 6h e as 21h. Já a myTaxy oferece um desconto de 50%, ao inserir o código “EUVOTO19”. “A promoção é válida uma vez por passageiro, até cinco euros de desconto, em pagamentos feitos através da App e para as primeiras mil pessoas que usarem o código”, explica a empresa em comunicado.
  • Ter a decisão preparada. Para não hesitar quando olhar para o boletim de voto, existem algumas ferramentas a que pode recorrer. Para além de pesquisar sobre os partidos, pode fazer alguns questionários que irão indicar com que candidatos e partidos se alinham mais as suas opiniões. Um deles é o “euandi2019”, desenvolvido pelo Instituto Universitário Europeu, em colaboração com a Universidade de Lucerna. Existe também o questionário “Your Vote Matters”, desenvolvido no âmbito do Programa de Justiça da União Europeia (2014-2020) e do Programa Direitos, Igualdade e Cidadania (2014-2020), promovidos pela Comissão Europeia.

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