Dívida portuguesa brilha na Europa este ano. Juros podem continuar a cair

Dívida portuguesa é a mais rentável entre os países do euro, este ano. Está a beneficiar das sucessivas revisões em alta por parte das agências de notação financeira.

A dívida portuguesa está a brilhar. Apesar de ser uma das maiores do mundo, tem apresentado um comportamento sem igual entre os pares do euro nos mercados. É a mais rentável, este ano, beneficiando das sucessivas revisões em alta por parte das agências de notação financeira. E os analistas acreditam que há margem para que este bom desempenho continue.

Mesmo ascendendo a cerca de 250 mil milhões de euros, a dívida portuguesa tem captado o interesse de muitos investidores. Prova disso é a valorização de 2,9% apresentada pelas obrigações do Tesouro desde o início do ano. É o melhor registo na Zona Euro, de acordo com o Bloomberg Barclays Global Aggregate Index.

A rentabilidade da dívida nacional bate o ganho oferecida pelos títulos espanhóis, que valorizaram 2,2%, isto num período em que a dívida italiana gera perdas. Esta valorização das obrigações tem levado a uma queda dos juros, registando-se também uma compressão do diferencial de taxas face a Espanha e até à Alemanha. O spread face à dívida espanhola está em apenas nove pontos, estando a 100 pontos das Bunds alemãs.

Este movimento levou a taxa de referência a dez anos a tocar no valor mais baixo de sempre, de 0,798%, mínimo histórico “patrocinado” por mais uma avaliação positiva, desta vez da Fitch. A agência de notação financeira não mexeu no rating, mas abriu a porta a isso mesmo. Melhorou a perspetiva para “positiva”, podendo melhorar a classificação da dívida nacional depois das legislativas de outubro.

"Há pouco ruído político em Portugal. Num contexto de baixo rendimento e baixa volatilidade, estamos convencidos de que o diferencial de taxas de juro [face à dívida de outras países europeus] vai continuar a encolher.”

Isabelle Vic-Philippe

Responsável pela estratégia de obrigações europeias da Amundi

A melhoria da classificação atribuída pelas agências de notação financeira, reflexo tanto do crescimento económico apresentado pelo país, mas também pela descida expressiva do défice, que alimenta a expectativa de redução da dívida pública, tem ajudado à descida das taxas exigidas pelos investidores nos mercados internacionais. A política monetária também ajuda à queda do custo de financiamento do Estado.

De acordo com a Bloomberg, mesmo depois desta forte valorização das obrigações, levando à queda dos juros, os analistas acreditam que há margem para que o movimento continue. “Esta história positiva tem margem para continuar”, diz Mauro Vittorangeli, responsável pela estratégia de investimento da Allianz, à Bloomberg.

“As obrigações portuguesas continuam atrativas”, diz Isabelle Vic-Philippe, responsável pela estratégia de obrigações europeias da Amundi, salientando que Portugal oferece “uma história de crescimento económico”. “Há pouco ruído político em Portugal. Num contexto de baixo rendimento e baixa volatilidade, estamos convencidos de que o diferencial de taxas de juro [face à dívida de outras países europeus] vai continuar a encolher”, remata.

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