Dependência de alguns municípios face a grandes empresas aumentou

  • Lusa
  • 27 Junho 2019

Em 14 municípios portugueses aumentou a concentração da faturação e emprego em apenas quatro empresas, revela a Pordata no Dia Mundial das Micro, Pequenas e Médias Empresas.

As quatro maiores empresas concentram mais de dois terços da faturação e de 30% do emprego em 14 municípios portugueses, tendo esta concentração aumentado entre 2009 e 2017 em todo o país, exceto no Norte, divulgou esta quinta-feira a Pordata.

Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgados pela Pordata para assinalar o Dia Mundial das Micro, Pequenas e Médias Empresas, em 2017 as quatro maiores empresas de Portugal concentravam 5% do volume de negócios, 4% do Valor Acrescentado Bruto (VAB) e 2% do pessoal ao serviço a nível nacional, destacando-se alguns municípios e/ou regiões pelas “elevadas concentrações” desses indicadores nas quatro maiores empresas ali instaladas.

Estamos, assim, perante municípios/regiões com uma maior dependência destas grandes empresas e, por isso, mais vulneráveis ao comportamento económico destas”, nota o organismo de estudos estatísticos e sociais da Fundação Francisco Manuel dos Santos.

No que se refere ao volume de negócios, a Pordata refere que a concentração é maior no interior do país (Terras de Trás-os-Montes, Beira Baixa, Médio Tejo, Viseu Dão Lafões) e no Alentejo.

Entre 2009 e 2017, nota, “essa concentração mais do que duplicou” em Trás-os-Montes, Beira Baixa e Douro, tendo diminuído apenas no Alto Tâmega e na Área Metropolitana do Porto.

Numa análise por municípios, verifica-se que em 14 casos a concentração do volume de negócios nas quatro maiores empresas ali instaladas é superior a 66%: Vila Velha de Ródão, Castro Verde, Constância, Mangualde, Vila Nova de Poiares, Campo Maior, Alcanena, Sines, Pampilhosa da Serra, Alter do Chão, Oliveira de Frades, Aljustrel, Calheta (na Região Autónoma da Madeira) e Vila Nova de Cerveira.

No caso de Vila Velha de Ródão (onde se encontra a fábrica de celulose da Celtejo) supera mesmo os 90% (90,8% em 2017, contra 73,7% em 2009), enquanto em Castro Verde e Constância é de 84,6% e 82%, respetivamente, contra 86,4% e 70,1% em 2009).

Segundo a Pordata, entre 2009 e 2017 os municípios que mais aumentaram a concentração do volume de negócios foram Vagos (de 12,1% para 40,1%), Castelo Branco (de 9,1% para 26,2%), Vila Real (de 12,9% para 35,9%), Ponte de Sor (de 18,8% para 48,5%), Melgaço (de 23,6% para 59,5%), Vendas Novas (de 19% para 45,9%), Sobral de Monte Agraço (de 14,1% para 32,1%), Ílhavo (de 23,6% para 53,5%), Bragança (de 27,9% para 62,1%), Paredes de Coura (de 27,8% para 61,5%), Crato (de 21,2% para 46,1%) e Mação (de 24,1% para 50,3%).

Já no que se refere ao pessoal ao serviço, as regiões com maior concentração do emprego nas quatro maiores empresas ali existentes situam-se na região do Alentejo no Cávado e Beira Baixa.

“Todas as regiões aumentaram a sua concentração de pessoal ao serviço, excetuando as regiões da Lezíria do Tejo, Viseu Dão Lafões, Médio Tejo e a Área Metropolitana do Porto“, sustenta a Pordata, salientando que o Algarve e Coimbra “mais do que duplicaram” a concentração neste indicador e que se assistiu a “uma mudança na concentração geográfica”, já que em 2009 a região com maior concentração de pessoal ao serviço era a Área Metropolitana do Porto, seguida do Alto Alentejo.

Em termos municipais, verificavam-se em 2017 concentrações de pessoal ao serviço superiores a 30% em 14 municípios, com destaque para Campo Maior (que acolhe a Delta Cafés, com 54,4% do emprego concentrado em quatro empresas), Vila Velha de Ródão (50,0%), Castro Verde (49,9%), Constância (48,5%) e Tábua (46%).

No que se refere ao Valor Acrescentado Bruto (VAB), a Pordata refere que as regiões com maior concentração se localizam no Alentejo e interior do País: Baixo Alentejo, Alentejo Litoral, Alto Alentejo, Beira Baixa, Terras de Trás-os-Montes, Beira Baixa e Alto Alentejo, sendo que entre 2009 e 2017 o Baixo Alentejo se manteve a região com maior concentração, seguida pelo Alto Tâmega, que passou de uma concentração de 36% em 2009 para 18% em 2017.

Já as regiões que mais aumentaram a sua concentração neste indicador foram o Douro, Alto Minho, Terras de Trás-os-Montes, Beiras e Serra da Estrela, que “mais do que duplicaram” a sua concentração do VAB.

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