Sócrates: “Não é verdade que alguma vez tenha pressionado Campos e Cunha para mudar administração da CGD”
As respostas do antigo primeiro-ministro às questões dos deputados sobre o banco público vão chegar esta quinta-feira ao Parlamento. Sobre a saída do Ministro das Finanças, nega qualquer pressão.
O ex-primeiro-ministro José Sócrates rejeita ter pressionado o ministro das Finanças Luís Campos e Cunha para mudar a administração da Caixa Geral de Depósitos (CGD). Clarifica, pela primeira vez, que o ministro saiu por ser contra uma lei que lhe iria reduzir os rendimentos.
“É chegada a hora de responder às provocações desse senhor e às mentiras que ao longo dos anos foi espalhando em público e contar a verdadeira historia da sua demissão”, escreve Sócrates, nas respostas a cerca de 90 questões colocadas por escrito pelos deputados do PS, PSD e Bloco de Esquerda na comissão parlamentar de inquérito à recapitalização e gestão da CGD, a que a TVI teve acesso.
O documento irá chegar ainda esta quinta-feira ao Parlamento, mas Sócrates decidiu cedê-lo em antecipação à TVI porque também as perguntas chegaram primeiro às notícias do que às mãos do socialista. Campos e Cunha foi ministro das Finanças durante apenas quatro meses e teria saído após pressão de Sócrates para mudar a administração da Caixa, uma questão que os deputados colocaram.
“Finalmente quero desmenti-lo. Não é verdade que alguma vez o tenha pressionado para mudar a Administração da CGD. Isso nunca passou de uma miserável falsidade e de uma pobre e lamentável encenação para justificar a sua saída do Governo”, referiu.
A verdadeira razão, segundo Sócrates, terá sido um diploma que ficou como lei de um terço, da qual o então ministro discordava, mas que acabou por aprovar, que determinava que funcionários públicos aposentados teriam de escolher entre receber um terço do salário e a totalidade da pensão ou o contrário. “O ministro estava justamente nessa situação. Esta foi a verdadeira razão da sua saída, razão essa que é conhecida por todos os que estavam no Governo na altura“, garantiu Sócrates.
O político disse ainda que foi Campos e Cunha a querer substituir Vítor Martins à frente do banco público. “Dei-lhe carta-branca. Nunca lhe sugeri nenhum nome. O que aconteceu foi que o Ministério das Finanças não fez nada. A situação da instituição apodrecia. Vários membros do Governo chamaram à atenção. É a isso que o antigo ministro chama, maliciosamente ‘pressões’“.
Sócrates lembrou ainda que o próprio sucessor de Campos e Cunha, Fernando Teixeira dos Santos, disse na mesma comissão parlamentar de inquérito que tinha escolhido a liderança da CGD. O socialista, que se recusou a ir responder presencialmente aos deputados, criticou ainda o Parlamento por ter sido o único antigo primeiro-ministro a ser chamado à comissão.
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