Sócrates, Teixeira dos Santos e Vítor Constâncio deram “benção” ao assalto no BCP, acusa Filipe Pinhal

Filipe Pinhal fala em "triunvirato" que deu bênção para o assalto ao BCP: José Sócrates, Teixeira dos Santos e o ex-governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio.

Filipe Pinhal acusou o antigo primeiro-ministro José Sócrates, o ex-ministro das Finanças Teixeira dos Santos e o então governador do Banco de Portugal Vítor Constâncio de terem dado a “bênção” ao assalto acionista ao BCP em 2007.

“Os três constituem o triunvirato — não diria que desenhou a operação — mas que deu a bênção sobre toda a operação“, afirmou o antigo administrador do BCP esta terça-feira na comissão de inquérito da recapitalização da Caixa Geral de Depósitos (CGD).

“Não se pense que a Sonangol viria de Angola para desencadear a tempestade sem a concordância do Governo”, acrescentou o responsável, depois de o deputado do PSD Duarte Pacheco lhe ter pedido para mostrar evidências de que houve interferência do Executivo e do Banco de Portugal durante a guerra entre acionistas do BCP.

Antes, Filipe Pinhal tinha contado que um grupo de acionistas do BCP, entre os quais a Sonangol, a EDP, a CGD e o grupo dos sete se alinharam com “o Dr. Teixeira Pinto, com outros colegas da administração” e com Vítor Constâncio, o ministro das Finanças Teixeira dos Santos e o primeiro-ministro José Sócrates” no “sentido de mudar a administração do BCP” e de promover uma “insólita transferência de administradores da CGD para o banco privado”.”Não foram quaisquer três administradores: foi o presidente [Carlos Santos Ferreira], Armando Vara e responsável pelo pelouro do crédito, Vítor Fernandes“, notou.

Para Filipe Pinhal, “esta transferência foi uma operação política”. “O presidente e o vice-presidente da Caixa não deixam o seu lugar para assumir o lugar no concorrente sem a aprovação do primeiro-ministro”, referiu Filipe Pinhal, sublinhando que se tratou de uma “teia urdida” e que teve vários operacionais, entre os quais a Ongoing.

Depois de o deputado social-democrata o ter felicitado por não revelar “falhas de memória”, Filipe Pinhal rejeitou o elogio, dizendo que passou os últimos 12 anos com este assunto, a tentar limpar o seu nome. “A palavra mais benigna que consigo encontrar foi que o meu nome foi miseravelmente posto em causa pelo Banco de Portugal”, disse.

“Para mim o puzzle [do assalto ao BCP] ainda está longe de eu dar por completo”, acrescentou ainda.

Filipe Pinhal começou esta audição desmentido as afirmações de Joe Berardo, segundo as quais teria sido ele a sugerir ir à CGD pedir financiamento para comprar ações do BCP. “Seria altamente improvável eu ajudar Berardo a ter mais votos para me destituir”, declarou.

Tratamento do BdP no BCP foi “completamente anómalo”

Durante toda a audição, Filipe Pinhal deu a sua versão dos acontecimentos no evoluir do assalto ao BCP em 2007.

Contou, por exemplo, que Vítor Constâncio chamou os presidentes da CGD e do BPI, Carlos Santos Ferreira e Fernando Ulrich, para uma reunião no Banco de Portugal para “decidir o futuro de outro banco, o BCP”. Filipe Pinhal diz em em mais nenhum país do mundo se chama os presidentes de outros bancos para decidir a administração de uma instituição rival. “Ainda hoje, se me contassem, não acreditava”, referiu.

Depois, Filipe Pinhal também explicou o caso dos offshores, a quem o BCP emprestou dinheiro para a aquisição de ações. O caso diz respeito aos anos de 1999, 2000 e 2004, segundo Filipe Pinhal, e surgiu na imprensa em dezembro de 2007. O Banco de Portugal abriu um processo de contraordenação ao banco e Filipe Pinhal revelou que Vítor Constâncio ficou desagradado quando o BCP entregou ao supervisor 17 dossiês sem “informação de enquadramento”. “Vítor Constâncio chamou-me para fazer sentir o seu incómodo pela falta de enquadramento”, contou.

“O tratamento que o Banco de Portugal deu ao BCP, não apenas nos dias 20 e 21 de dezembro, como em toda a instrução no processo de contraordenação [no caso dos offshore] foi completamente anómalo”, considerou. Talvez Constâncio estivesse “desorientado” com o assalto ao BCP, observou Filipe Pinhal

(Notícia atualizada pela última vez às 18h57)

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