Orey adia pagamento de juros da dívida. “Risco de incumprimento” afastado por um ano

Decisão foi aprovada pelos obrigacionistas esta segunda-feira. Cotada queria votar a possibilidade de adiar, sem limite de vezes, o pagamento de juros, mas a CMVM não deixou.

A Orey Antunes conseguiu adiar, por um ano, o pagamento do juros de 30 milhões de euros em obrigações que vencem em 2031. A aprovação para adiar o pagamento do juro de 1,5% foi conseguida esta segunda-feira, numa assembleia geral de obrigacionistas, apurou o ECO.

“Como holding que é, a Orey não tem cash inflows operacionais e por isso uma maior incerteza nos timings dos seus cash flows. Com este adiamento eliminamos o risco potencial de um evento de default“, disse fonte oficial da empresa ao ECO, ainda antes da votação. Sobre a razão para o pedido de adiamento, o Orey explicou apenas que foi “por uma questão pontual de timing de realização de tesouraria”.

A emissão das obrigações Best of Fixed Callable Notes 2031 foi realizada por colocação privada pelo que terá menos de 150 obrigacionistas. No mês passado, a Orey convocou esse grupo para uma assembleia geral no dia 6 de julho. No entanto, por falta de quórum, a reunião acabou por ser adiada e aconteceu esta segunda-feira.

“A Sociedade Comercial Orey Antunes informa que a Assembleia Geral de Obrigacionistas da emissão Best of Fixed Callable Notes 2031 emitidas pela sociedade, que hoje [segunda-feira] reuniu em segunda convocação, aprovou com 76,50% dos votos expressos o ponto único da ordem de trabalhos“, anunciou a Orey, em comunicado à CMVM.

CMVM interveio para impedir adiamentos sem limite do pagamento de juros

Na altura da convocação, havia também dois pontos na ordem de trabalhos. O primeiro era deliberar sobre o adiamento da data de vencimento e pagamento de juros das Obrigações de 8 de julho de 2019 para 8 de julho de 2020, em que os obrigacionistas davam “reconhecimento e aceitação de que o facto de a emitente não efetuar o pagamento de juros nos 14 dias posteriores ao dia 8 de julho de 2019 não constitui um event of default“.

No segundo ponto, a administração da Orey Antunes queria pedir o aval para voltar a adiar esse pagamento, por uma ou mais vezes. Esse ponto foi, no entanto, retirado da ordem de trabalhos, “por decisão do Conselho de Administração”, como explicou a cotada.

O ECO sabe que a decisão de retirar o ponto já foi tomada após a eleição do advogado André Luiz Gomes para presidente da mesa da assembleia-geral da Orey Antunes (em substituição de Daniel Proença de Carvalho que renunciou ao cargo em dezembro de 2018) e a pedido da Comissão do Mercados de Valores Mobiliários (CMVM).

Questionada sobre a situação, o supervisor explicou: “A CMVM tem vindo a acompanhar o contexto específico em que foi convocada e se realizará esta assembleia de obrigacionistas, no sentido de garantir que a informação de que o emitente dispõe se encontra acessível para todos os investidores, nomeadamente para aqueles que são chamados a exercer os seus direitos na referida assembleia”.

Em plena reestruturação, prejuízos amontoam-se

“A empresa olha para todas a possibilidades de financiamento”, diz a Orey, deixando em aberto a hipótese de um novo empréstimo obrigacionista proximamente para fazer face aos problemas financeiros. A cotada liderada por Duarte D’Orey tem levado a cabo um processo de recuperação e reestruturação para fazer face aos prejuízos.

No âmbito desse plano, a sociedade especializada em transportes e logística abandonou o setor financeiro, em agosto do ano passado, tornando independente a Orey Financial. Devido às mudanças no grupo, a apresentação dos resultados de 2018 aconteceu apenas a 11 de julho, após ter sido adiada duas vezes.

“Tendo em conta as decisões estratégicas de 2018 de descontinuação de ativos levou a alterações na forma de apresentação o que implicou o atraso no processo de auditoria”, acrescentou a Orey, cujas ações fecharam esta segunda-feira nos 0,35 euros, após uma desvalorização de 10,26%. Os títulos da empresa acumulam, ainda assim, um ganho de 28,7% desde o início do ano.

O relatório não auditado aponta para um prejuízo de 9,57 milhões de euros em 2018, o que representa um aumento dos resultados negativos de 368% face a 2017. Enquanto as atividades em continuação tiveram um lucro de 2,5 milhões de euros (menos 57% que no período homólogo), as unidades em descontinuação tiveram um impacto negativo de 12 milhões de euros.

(Notícia atualizada às 18h20 com informação enviada à CMVM)

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