BCE “preocupado” com a economia, mas não fala em recessão. Pacote de estímulos a caminho

A recuperação da economia da Zona Euro no segundo semestre parece menos provável, o que justifica o lançamento de uma série de instrumentos em conjunto, revelam as atas da última reunião do BCE.

O Banco Central Europeu (BCE) está preocupado com a desaceleração económica na Zona Euro, apesar de os principais riscos serem externos e de a palavra recessão não entrar nas conversas do Conselho de Governadores. Para fazer face à situação, o BCE confirma que está a preparar um pacote de estímulos à economia, que irá combinar uma série de instrumentos.

“Os indicadores disponíveis apontam para um crescimento mais lento no terceiro trimestre de 2019, levantando maiores dúvidas sobre a esperada recuperação no segundo semestre do ano. Apesar de a ausência de sinais da esperada recuperação ser preocupante, foram feitas referências a fundamentos positivos inalterados”, pode ler-se na ata da última reunião de política monetária do BCE, divulgada esta quinta-feira.

Os membros do conselho reconheceram que o crescimento do produto interno bruto (PIB) no segundo e terceiro trimestres de 2019 será mais fraco que os 0,4% registados nos primeiros três meses do ano. Sublinharam que os dados dos PMI foram “dececionantes” e que a probabilidade de desaceleração económica é agora mais elevada. Ainda assim, não é feita referência a recessão.

As incertezas relacionadas com a guerra comercial, o Brexit e a transição do modelo económico da China são os principais fatores apontados pelos membros do conselho. “O abrandamento do crescimento global e fraco comércio internacional ainda pesam sobre o outlook da Zona Euro. Além disso, a prolongada presença de incertezas, relacionadas com fatores geopolíticos, o aumento da ameaça do protecionismo e as vulnerabilidades dos mercados emergentes, comprometem o sentimento económico”, refere.

Na reunião que teve lugar a 25 de julho, o BCE tinha já mostrado preocupações com a economia, o que justificou ter aberto a porta a um novo pacote de estímulos à economia da Zona Euro. O presidente Mario Draghi garantiu que todas as possibilidades estão em cima da mesa e, apesar de não ter dado pormenores, explicou que os Governadores estiveram a debater qual o mix que será lançado, possivelmente já em setembro.

Agora, os relatos mostram que houve “amplo apoio” à proposta do economista-chefe Philip Lane de mandatar o staff do BCE para analisar “opções de futuras medidas de política”. Entre as hipóteses que já foram levantadas estão um corte na taxa de juro dos depósitos (atualmente em mínimos históricos) ou o relançamento da compra líquida de dívida, mas também poderão ser adotadas novas medidas como a aquisições de ações.

“Algumas nuances foram expressas sobre o desenho e os elementos individuais de um possível pacote de políticas, que foram apresentadas como lista de opções”, explica a ata. “A visão expressa é que as várias opções deverão ser vistas como um pacote, ou seja, uma combinação de instrumentos com complementaridades e sinergias significativas, já que a experiência mostra que um pacote de políticas — tal como a combinação de cortes nos juros e compras de ativos — é mais eficiente que uma sequência de ações seletivas”, acrescentou.

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