Juros da dívida italiana em mínimos históricos. Conte convidado a formar novo governo
Decisão do presidente acontece depois do acordo entre o Movimento 5 Estrelas e o Partido Democrático. De fora fica Matteo Salvini, que já reagiu à decisão do presidente italiano.
O presidente italiano, Sergio Mattarella, mandatou esta quinta-feira o primeiro-ministro demissionário, Giuseppe Conte, a formar governo, afastando o líder da Liga e ministro da Administração Interna, Matteo Salvini, responsável pela atual crise política italiana. Conte aceitou o convite de Mattarella, ainda que com reservas, avança o jornal italiano CorriereDellaSera. Os mercados financeiros estão a celebrar o desenvolvimento que evita eleições antecipadas.
O encontro desta manhã entre Mattarella e Conte acontece depois de o Partido Democrático e o Movimento 5 Estrelas terem aceite colocar de parte as suas divergências a bem da estabilidade política no país. O primeiro-ministro demissionário terá até à próxima semana para formar um novo executivo, cabendo-lhe agora iniciar contactos no sentido de escolher o elenco governativo e de apresentar um programa de governo.
“Aceite o pedido com reservas”, disse Conte à saída do encontro com Mattarella, acrescentado que ainda hoje vai dar início às “consultas com todos os grupos parlamentares”. Reconhecendo que se trata de “uma fase delicada para o país”, o líder do 5 Estrelas acrescenta que é preciso “sair da incerteza política o mais rápido possível”.
“A perspetiva de formar um novo Governo com uma maioria diferente da anterior suscitou-me mais do que dúvidas”, disse Conet, ressalvando que “este é um momento de coragem, um momento de determinação”.
O processo de formação de governo a pedido do presidente italiano acontece depois do então ministro da Administração Interna, Matteo Salvini, ter desfeito a coligação de governo entre o 5 Estrelas e a Liga, colocando Itália numa crise política.
Após um período de grande instabilidade, os investidores estão a aplaudir a novidade: o juro da dívida italiana a dez anos aprofundam as quedas da última sessão para o novo mínimo histórico de 0,93%, enquanto a bolsa italiana avança quase 2%.
“Ainda que tudo possa cair por terra nos últimos momentos, devido à singularidade da política italiana, tudo parece indicar que se evitarão eleições, pois formar-se-á um novo governo do qual a Liga Norte (de Matteo Salvini) já não fará parte”, referem os analistas do Bankinter, numa nota de research, em que lembram que o spread da yield de Itália face à da Alemanha caiu para 171,9 pontos base.
Salvini fora do novo executivo
Depois de uma manobra que muitos viram como uma tentativa de controlar o poder em Itália, Matteo Salvini ficará de fora do novo governo. O líder da Liga já reagiu no Twitter vaticinando que um governo baseado “unicamente em cargos e ódios não terá vida longa”. E conclui: “eles preocupam-se mais com os lugares, nós com os italianos”.
Tweet from @matteosalvinimi
Em sentido contrário, o ex-primeiro-ministro italiano Matteo Renzi veio congratular-se com o resultado preanunciado. No Twitter escreveu que “Salvini tentou lançar uma OPA sobre Itália. Saiu derrotado”.
Tweet from @matteorenzi
Já no Facebook Renzi alongou-se em considerações, afirmando que “hoje, com a missão de formar o novo governo, Salvini sai politicamente de cena”. Sublinhando que “hoje é realidade o que há um mês parecia impossível”, o ex-primeiro-ministro italiano reconhece, no entanto, que “ainda há muito a ser feito, muitas contradições, muitos problemas em aberto”.
(Noticia atualizada às 10h55)
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