Cristas: “Principal virtude deste Governo foi a estabilidade”

  • Lusa
  • 3 Setembro 2019

Apesar de ter elogiado a estabilidade governativa, a líder centrista criticou a forma como o PS chegou ao Governo e diz que Costa fez de tudo para provar que o seu executivo era "possível e viável".

A presidente do CDS, Assunção Cristas, afirma, em entrevista à Lusa, que a principal “virtude” do atual governo do PS foi ter garantido a estabilidade e que o seu “falhanço” foi ter-se concentrado apenas na função pública, esquecendo o conjunto do país, a par da pouca transparência orçamental.

A estabilidade por um lado é um aspeto positivo, porque um país que não tenha alguma estabilidade do governo de facto também prejudica o seu próprio crescimento e o seu bem estar“, diz a líder do CDS, destacando, porém, que, “depois, é preciso saber a que ponto e a que o preço” a estabilidade foi assegurada.

Assunção Cristas considera, todavia, que não se surpreendeu com esse facto porque — lembra – “quem chega ao poder desta forma, tendo perdido as eleições e, portanto, tendo sido rejeitado, se quisermos, numa primeira forma direta, como primeiro-ministro, mas consegue juntar uma maioria a sua volta para poder governar, tudo faria para governar durante quatro anos”.

Assim sendo, afirma, era de esperar que António Costa “tudo faria para provar” que o seu Governo era “possível e viável”. Portanto, “o primeiro ministro adotou uma postura muito pragmática em que conseguiu ter essa preocupação com a estabilidade”, conclui a líder do CDS: “foram quatro anos de estabilidade governativa, mas com um preço muito alto”.

É neste contexto que a presidente do CDS lamenta que o primeiro-ministro “tenha sacrificado tudo aquilo que era preciso fazer no país (…) com a melhor conjuntura externa de sempre, porque tinha que manter essa estabilidade com os parceiros mais à esquerda (…) muitas coisas não foram feitas, que eu acho que poderiam e deveriam ter sido feitas”.

A título de exemplo, Cristas cita a necessidade de fazer alterações na formação profissional e no ensino superior, bem como várias questões relacionadas com a fiscalidade, como baixar a taxa do IRS e fazer reformas na área da Justiça.

Em contrapartida, a líder do CDS aponta como principal “falhanço” do governo não ter colocado Portugal como um país mais competitivo e produtivo, com mais capacidade de gerar e distribuir riqueza: “este governo esqueceu o conjunto do país, esteve concentrado apenas num setor, essencialmente na função pública”, acusa.

Outra “pecha” a seu ver grave, nas suas palavras, foi a falta de transparência orçamental, “um discurso que não bateu com a realidade”, nomeadamente no que diz respeito á austeridade, que se manteve, “embora feita de forma diferente, com a maior carga fiscal de sempre, com impostos indiretos e depois com cortes no investimento público, porque nunca foi executado em linha com aquilo que estava previsto”.

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