Geringonça 2.0? PS, PCP e BE antecipam cenários e traçam linhas vermelhas
Nem PCP, nem Bloco de Esquerda, nem PS fecham a porta a um novo acordo para a formação de Governo. Ainda assim, a renovação dessa "boa amizade" enfrenta alguns desafios.
Sem juras de amor e com algumas nuvens negras no horizonte, socialistas, bloquistas e comunistas não fecham a porta à criação de uma nova geringonça, depois da ida às urnas de 6 de outubro. Ainda que considere impossível uma coligação governamental com esses parceiros, António Costa admite manter por mais quatro anos o acordo que lhe permitiu formar Governo em 2015. À esquerda, não se antecipam resultados, mas também não se rejeita, à partida, a renovação da atual solução governativa.
“É melhor não estragar uma boa amizade com um mau casamento”. As palavras são do primeiro-ministro e serviram para deixar claro que o “grau de convergência” existente entre o PS, o PCP e o BE não permite um compromisso maior do que aquele que foi assumido nos últimos quatro anos.
O chefe do Executivo rejeita, por isso, coligar-se à esquerda para formar Governo, mas abre a porta a renovar a atual solução política. Caso o PS não consiga uma maioria absoluta em outubro, António Costa propõe, assim, criar uma nova geringonça.
À esquerda e apesar das divergências que se têm registado, nos últimos tempos, em relação ao PS, a posição é semelhante. Aos jornalistas, Jerónimo de Sousa disse, esta quinta-feira, que não se pode “antecipar no juízo”, até porque “quem vai ser o juiz é o povo português”, nas eleições de outubro, e não “há vencedores antecipados”.
Ainda assim, o secretário-geral do PCP não fechou a porta a um novo acordo com os socialistas, deixando claro que há matérias, como a revisão do Código do Trabalho, que provocam divergências entre estes parceiros políticos. “Esta legislação laboral foi aprovada pelo PS com a bênção do PSD e do CDS-PP e tem uma natureza de classe”, disse Jerónimo de Sousa.
A nova lei laboral foi aprovada com o voto favorável do PS e a abstenção do PSD e do CDS-PP, tendo resultado de um acordo conseguido na Concertação Social que deixou amplas dúvidas aos partidos de esquerda. Um dos pontos mais contestados pelo BE e pelo PCP é o alargamento do período experimental para os trabalhadores à procura do primeiro emprego e desempregados de longa duração, tendo a esquerda decidido pedir a fiscalização sucessiva ao Tribunal Constitucional deste diploma.
De resto, em entrevista ao ECO, essa matéria é identificada por Catarina Martins como uma das duas em que o Governo de António Costa se recusou a avançar com o trabalho que tinha sido feito em conjunto. A outra é o investimento público.
Apesar disso, quando questionada sobre a possibilidade de se voltar a sentar à mesa com o PS, a bloquista sublinhou: “O que determina o próximo Governo é o resultado eleitoral. É a força que cada programa tem”. Dias antes, tinha garantido em entrevista à Rádio Renascença: “Não faltaremos a nenhum esforço para haja uma solução à esquerda para aprofundar o caminho que agora foi feito; não entraremos é em nenhuma solução que seja para manter o que está, para manter os impasses que estão”.
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