Grupo Dia multiplica por 14 prejuízos no primeiro semestre para 418 milhões de euros
A empresa considera que o despedimento coletivo em Espanha, outras medidas na estrutura do Brasil e o encerramento de 663 lojas deficitárias podem, entre outros fatores, explicar estes resultados.
O grupo de supermercados espanhóis Dia, dono do Minipreço em Portugal, teve prejuízos de 418 milhões de euros no primeiro semestre de 2019, multiplicando por 14 os resultados negativos apresentados há um ano.
“Na primeira metade do ano, as receitas da Dia foram afetadas por uma série de fatores negativos e extraordinários. Como resultado, registou-se uma perda líquida atribuível de 418 milhões de euros”, explica a empresa em comunicado.
Estes são os primeiros resultados anunciados depois de o russo Mijaíl Fridman ter passado a controlar a empresa em maio passado e, segundo fontes da empresa, refletem a mudança de estratégia que a nova administração tem imprimido.
Entre os fatores que levaram a estes resultados, a empresa sublinha, entre outros, o despedimento coletivo em Espanha e outras medidas na estrutura do Brasil para melhorar a produtividade, o encerramento de 663 lojas deficitárias com uma contribuição negativa permanente e a interrupção de atividades não estratégicas para reduzir a complexidade e melhorar a eficiência.
“A nova administração do Dia está plenamente consciente da exigente situação. A equipa tem os conhecimentos e a experiência para colocar o negócio de novo em andamento e continuar a tomar as medidas necessárias para colocar a Dia numa posição de força para alcançar o êxito a longo prazo. Todos os dias haverá melhorias e mudanças, o que levará ainda algum tempo”, assinala Karl-Heinz Holland, presidente executivo (CEO) do grupo.
De acordo com a informação enviada à Comisión Nacional del Mercado de Valores (CNMV), o regulador de mercados espanhol, o grupo Dia registou vendas líquidas de 3.400 milhões de euros no primeiro semestre de 2019, uma descida de 7% em relação ao mesmo período de 2018.
A empresa destaca que conta agora com um ‘cash-flow’ (dinheiro em caixa) “estável e um sólido” fundo de manobra que, juntamente com uma clara estrutura de capital, liquidez e uma reputada equipa de gestão, “está capacitado para reforçar o seu balanço financeiro”.
O Grupo Dia já tinha anunciado no início de setembro que desistiu de vender a Clarel, empresa especializada em cuidados pessoais de beleza e cosmética com 1.300 lojas em Portugal e Espanha, que tinha sido posta à venda no início do ano.
A possível venda da Clarel, com 71 lojas em Portugal, fazia parte do plano estratégico dos anteriores responsáveis pela gestão do grupo, mas a nova direção nomeada por Mikhail Fridman, que agora detém 70% do grupo, acredita no potencial da empresa.
A empresa anunciou ainda que a Clarel terá uma estrutura “que funcionará independentemente da empresa-mãe [Dia]” e que para gerir esta nova unidade de negócio foi nomeado um novo presidente executivo (CEO), Paul Berg, com mais de 25 anos de experiência em cadeias alimentares e de consumo e “um perfil muito internacional e versátil”.
Em Portugal, o Grupo Dia tinha no final do ano passado 223 estabelecimentos próprios e 309 franchisados com as marcas Minipreço, Mais Perto e Clarel.
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