Administrador nomeado pelo Estado demite-se da Coleção Berardo. Rui Patrício substitui
João Neves foi nomeado pelo anterior Governo para a administração da Fundação Coleção Berardo, mas bateu com a porta em rota de colisão com a atual ministra da Cultura. Substituto é Rui Patrício.
João Neves, nomeado administrador da Fundação de Arte Moderna e Contemporânea – Coleção Berardo pelo anterior ministro da Cultura, apresentou a demissão do cargo à tutela, em rota de colisão com a atual ministra da Cultura, Graça Fonseca, que unilateralmente decidiu quem vai ficar responsável pela guarda do arresto das cerca de 1.000 obras de arte de Joe Berardo, das quais 862 que integram o acordo do empresário com o Estado, que foram arrestadas no Centro Cultural de Belém (CCB). João Neves vai ser substituído no cargo pelo advogado Rui Patrício.
O próprio João Neves confirmou o pedido de demissão ao Jornal Económico (acesso livre) na passada quinta-feira. “Confirmo que apresentei a minha demissão no passado dia 12 de setembro, por motivos pessoais”, disse o responsável, sem avançar qualquer detalhe sobre a sua saída.
Segundo o jornal, na base desta decisão está o facto de a ministra da Cultura ter decidido de forma unilateral que o responsável pela guarda das obras arrestadas no âmbito do processo judicial interposto pelo Novo Banco, Caixa Geral de Depósitos e BCP, para recuperar uma dívida superior a 962 milhões de euros, seria o administrador da Fundação de Arte Moderna e Contemporânea – Coleção Berardo, e presidente do CCB, Elísio Summavielle, contrariando a decisão do tribunal.
Uma fonte explicou ao jornal que o nome de Elísio Summavielle não chegou a ser votado na reunião do conselho de administração que teve lugar no início deste mês, pois não tinha o acordo das partes definidas pelo tribunal.
Ao invés, havia um consenso sobre o nome a apresentar à ministra da Cultura — Rita Lougares, que é diretora artística do Museu de Arte Moderna –, mas Graça Fonseca acabou por manter a sua escolha inicial, segundo adiantou a mesma fonte conhecedora do processo. E foi por não concordar com a posição da ministra que João Neves apresentou a sua demissão.
De acordo com a decisão do Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa, citada pelo Jornal Económico, “o arresto das obras que se encontrarem no Centro Cultural de Belém será realizado sem a remoção das mesmas e em articulação, na medida do necessário, com o Ministério da Cultura e com a Fundação de Arte Moderna e Contemporânea, nomeando-se para fiel depositário das mesmas a pessoa que estas duas entidades indicarem”.
Entretanto, para o lugar de João Neves foi indicado pela ministra da Cultura o advogado Rui Patrício, segundo revelou Graça Fonseca ao jornal Público (acesso livre). Rui Patrício é advogado da Morais Leitão, Galvão Teles, Soares da Silva & Associados e responsável pela fundação desta sociedade que detém obras de arte.
A administração da Fundação de Arte Moderna e Contemporânea é presidida por Joe Berardo, tendo ainda como administradores Elísio Summavielle e Rui Patrício (indicados pelo Estado), André Luiz Gomes e Renato Berardo (indicados por Joe Berardo) e Catarina Vaz Pinto (designada de comum acordo entre este e o titular da pasta da cultura.
(Notícia atualizada às 15h55 com informação de que Rui Patrício vai substituir João Neves na administração da fundação)
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