Há uma empresa portuguesa que produz tecidos à base de canábis
Adalberto Estampados é pioneira na produção de tecidos com derivados de canábis. Produziu uma coleção de desporto com propriedades relaxantes e anti-inflamatórias para uma empresa norte-americana.
Quinze mil quilómetros por ano, o equivalente a uma ida e volta à China, só com tecido. A Adalberto Estampados é líder na Europa na arte da estamparia e pioneira mundial na produção de tecidos com CBD [canabidiol, uma das substâncias da canábis]. A empresa acaba de produzir uma coleção de desporto com acabamentos à base de canábis, que confere aos tecidos propriedades funcionais e medicinais, com efeitos relaxantes e anti-inflamatórios. O preço das peças varia entre os 125 e os 275 dólares.
Sediada em Santo Tirso, a empresa apresentou a mais recente novidade na edição da Première Vision (PV), em Paris, que se realizou de 17 a 19 de setembro. Esta coleção de desporto à base de canábis surge de um contrato com a empresa norte-americana Acabada ProActiveWear.
“São microcápsulas em CBD que penetram nas fibras dos tecidos. Estas microcápsulas foram colocadas nas peças, em zonas estratégicas, de forma a relaxar os músculos”, refere com orgulho, Susana Serrano, CEO da Adalberto Estampados, ao ECO.
Acabada é uma expressão tipicamente portuguesa que significa “finish” em inglês. Usa propositadamente as letras da sigla CBD e foi uma escolha da empresa nova-iorquina face à parceria com a empresa portuguesa. Susana Serrano explica que, para desenvolver esta coleção, a empresa nortenha fez uma parceria com a Devan — empresa de químicos –, em conjunto com o Instituto Português da Qualidade (IPQ).
E se foi no desporto que tudo começou, o objetivo passa por alargar este acabamento com CBD para as camisas de flanela. Susana Serrano confidenciou ao ECO que a Adalberto já tem em marcha outro projeto para mais uma empresa americana. “Para já só estamos a produzir tecidos CBD para desporto, mas vamos também lançar este produto para as camisas de flanela, uma vez que proporciona maior conforto”, refere Susana Serrano.
A Adalberto Estampados produz cerca de 50 a 60 mil metros de tecidos por dia, e comercializa para grandes marcas como a Inditex, Moschino, Cavallaro, Balenciaga. A CEO brinca e diz que “com a quantidade de tecido produzido, a Adalberto, por ano, vai à China e volta”.
São cerca de 400 colaboradores que produzem tecidos para todos os cantos do mundo, sendo que cerca de 85% da produção se destina ao mercado externo. França, Espanha e Reino Unido são os principais mercados da marca, que comemorou este ano o 50.º aniversário. Susana Serrano acrescenta que a Rússia, Alemanha, Polónia e Colômbia são mercados recentes mas com “imenso potencial”.
Toda a nossa estratégia está voltada para a questão da sustentabilidade.
A estratégia da empresa está focada também na sustentabilidade e, como tal, a Adalberto vai investir em painéis solares e em processos de reutilização de água e energia, de forma a diminuir a sua pegada ambiental.
Toda a energia que a empresa usa é proveniente de produção de renováveis, a chamada energia verde. A CEO da empresa acrescenta que na produção dos tecidos são utilizados químicos não tóxicos e, quando adquirem novos equipamentos, há sempre a preocupação de garantir que têm menores consumos de água, vapor e energia.
Além da produção de tecidos, a Adalberto Estampados também confeciona peças de vestuário. De forma a tornar mais visível todo o caminho que têm construído ao longo destes 50 anos de existência, e tendo em conta que o e-commerce é o futuro, a empresa vai lançar no próximo ano a loja online. Atualmente com um volume de negócios de 30 milhões de euros, um dos objetivos para o próximo ano é quase duplicar a faturação, alcançando aos 50 milhões de euros.
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