Draghi: “Fizemos o suficiente? Sim e podemos fazer ainda mais”
A um mês de deixar a presidência do banco central, o italiano volta a alertar para a necessidade de a política orçamental impulsionar os resultados da política monetária na Zona Euro.
A um mês de abandonar o cargo de presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi considera que a política monetária da Zona Euro teve sucesso na recuperação da crise económica e financeira. A desaceleração da economia traz novos desafios e o italiano diz que o BCE vai fazer ainda mais, mas é preciso que a política orçamental dos governos colabore.
“Fizemos o suficiente? Sim, fizemos o suficiente e podemos fazer ainda mais. O que é que falta? A resposta é a política orçamental. É essa a grande diferença entre a Europa e os EUA”, afirmou Draghi, em entrevista ao Financial Times (acesso condicionado).
Mario Draghi, que esteve à frente do BCE ao longo de oito anos, foi responsável por conduzir a política monetária europeia ao longo da crise. Após ter dito que faria “tudo o que fosse preciso” para salvar o euro, em 2012, levou as taxas de juro do banco central para mínimos históricos e lançou um mega programa de compra de ativos.
Estas medidas foram vistas como fundamentais para manter a liquidez nos mercados e permitir a países em crise conseguirem financiar-se. Mas o italiano foi alvo de duras críticas, especialmente da Alemanha. Sobre a oposição, Draghi afirma, ao FT, que os “opositores ao euro” não foram bem-sucedidos.
O que Draghi não conseguiu foi normalizar a política monetária. Com os juros ainda em mínimos e o programa de compras ainda por terminar, o BCE anunciou no mês passado uma redução da taxa de depósitos para -0,5% (menos 0,1 ponto percentual que a anterior taxa) e relançou as aquisições de ativos em 20 mil milhões por mês. Na mesma altura, aproveitou para deixar um recado final aos países: é preciso um “instrumento orçamental central”.
Em entrevista ao FT, relembra agora que não é a primeira vez que alerta para a necessidade de a política orçamental ajudar a política monetária. “Desde 2014 que falo da política orçamental como um complemento necessário à política monetária. Agora é mais urgente que nunca. A política monetária vai continuar a fazer o seu trabalho, mas os efeitos colaterais negativos são cada vez mais visíveis”.
A partir de novembro, será Christine Lagarde a ocupar o cargo de líder do banco central e Draghi considera que esta será uma “extraordinária” presidente do BCE. “Ela liderou com sucesso o Fundo Monetário Internacional e o seu staff de economistas por tempos desafiantes”, acrescentou Draghi sobre a sucessora.
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