Campanha de calçado português censurada no Instagram
O diretor de comunicação da associação portuguesa de calçado postou quatro fotografias da campanha "A indústria mais sexy da Europa", passados cinco minutos foi bloqueado pelo Instagram.
A indústria mais sexy da Europa foi o motor da campanha promocional do calçado português em 2011. Esta campanha já fez correr muita tinta pelos melhores motivos e volta a estar em destaque passados nove anos.
Paulo Gonçalves, diretor de comunicação da Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e seus Sucedâneos (APICCAPS) publicou na sua conta pessoal do Instagram, dia 29 de setembro, quatro fotografias referentes à Indústria mais sexy da Europa, com o intuito de perceber como reagiriam as redes sociais a uma campanha arrojada como esta. A resposta não tardou muito e passados cinco minutos viu a sua conta do Instagram bloqueada.
“Postei as fotografias referentes à campanha de 2011 “The Sexiest Industry in Europe” e fiz a seguinte pergunta: Há nove anos criamos muito ruído e acabámos por surpreender internacionalmente ao desenvolvermos uma campanha arrojada como esta. Como seria hoje?”, conta ao ECO.
“A sociedade reagiu cinco minutos depois. Vi a minha conta bloqueada pelo Instagram”.
“Em 2011 as mesmas fotos foram publicadas nas redes sociais e não foram banidas”, destaca Paulo Gonçalves. O responsável alerta que “hoje a sociedade é muito mais conservadora do que há dez ou 15 anos”. “Quando lançámos esta campanha, há nove anos, tínhamos uma liberdade de expressão e de pensamento criativo que hoje não temos. Não sei se a nossa sociedade hoje reagiria da mesma forma”, explica.
Paulo Gonçalves explica que “moda é sinónimo de ousadia, criatividade e, muitas vezes, nudez que é algo que deve ser encarado como arte”. Destaca que a campanha em particular foi “altamente elogiada internacionalmente, exatamente, porque era fora da caixa e surpreendente”. O responsável considera que o que aconteceu é “assustador”. “Estão a amputar aquilo que é o nosso talento, a nossa criatividade, a nossa capacidade de surpreender”, frisa.
Não quero que o calçado português seja censurado nas redes sociais.
“Temos uma grande responsabilidade, porque promovemos campanhas que pertencem a uma indústria que representa dois mil milhões de euros de exportação e, por isso mesmo, temos de ser muito prudentes naquilo que fazemos. Na imagem, linguagem, styling, no conceito da campanha propriamente dito”.
Questionado se voltaria a apostar numa campanha arrojada como esta, não hesita em dizer: “Hoje muito dificilmente faria uma campanha desta natureza”. “Se à partida as nossas campanhas com este perfil nas redes sociais são censuradas, como foi o caso, não vale a pena”. “Discutimos internamente, pensamos, medimos os prós e os contras e não arriscamos fazer uma coisa desta natureza, porque seguramente vamos ser censurados”, lamenta.
Anualmente, a associação portuguesa do calçado gasta cerca de 200 mil euros em marketing digital, nomeadamente na promoção do calçado português através das redes sociais. Destaca que “a aposta é indispensável” e que “não consegue idealizar uma campanha de promoção do calçado português sem que passe pelas redes sociais”.
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