Bruxelas está a calcular impacto das tarifas aplicadas pelos EUA a produtos da UE
A Comissão Europeia está a calcular o impacto das tarifas adicionais que serão impostas pelos EUA à União Europeia, incluindo taxas aduaneiras de 10% na aeronáutica e de 25% na agricultura.
A Comissão Europeia está a calcular o impacto das tarifas adicionais que serão impostas dentro de dias pelos Estados Unidos a produtos da União Europeia (UE), incluindo taxas aduaneiras de 10% na aeronáutica e de 25% na agricultura.
Na conferência de imprensa diária do executivo comunitário, em Bruxelas, o porta-voz para a área do comércio, Daniel Rosário, informou que “a Comissão está, neste momento, a analisar esta lista para calcular o impacto em vários setores”.
“Olhando para a lista de produtos europeus que serão afetados por esta decisão norte-americana […], que foi publicada ontem [quinta-feira], são abrangidos vários produtos, não apenas no setor agrícola”, referiu o responsável.
A economia portuguesa, sobretudo na área dos laticínios, é visada pelas taxas alfandegárias retaliatórias que os Estados Unidos foram autorizados a aplicar sobre produtos da UE.
Em causa está a disputa de quase 15 anos entre a UE e os Estados Unidos relativa aos apoios públicos às respetivas fabricantes aeronáuticas, Airbus (francesa) e Boeing (norte-americana), com a Organização Mundial de Comércio (OMC) a adotar decisões que, umas vezes, são favoráveis à União, outras à administração norte-americana.
Esta quarta-feira, a OMC autorizou os Estados Unidos a aplicar tarifas adicionais de 7,5 mil milhões de dólares (quase sete mil milhões de euros) a produtos europeus, em retaliação pelas ajudas da UE à fabricante francesa de aeronaves, a Airbus.
Nesse dia, logo após a divulgação da decisão da OMC, os Estados Unidos fizeram saber que vão impor tarifas punitivas a produtos da UE a partir de 18 de outubro.
Já no dia seguinte, quinta-feira, o Departamento de Comércio dos Estados Unidos anunciou a lista de produtos que serão alvo de tarifas retaliatórias, recaindo a principal fatia sobre “os quatro países responsáveis pelos subsídios ilegais” — França, Alemanha, Espanha e Reino Unido.
Contudo, a totalidade dos 28 países da UE será afetada pela medida da administração do Presidente Donald Trump, incluindo, naturalmente, Portugal, que vê a área dos laticínios particularmente visada na lista do Departamento de Comércio norte-americano.
Na lista de países afetados pelas taxas que inclui Portugal, são visados produtos como leite, queijos, iogurtes e manteigas (tal como vários derivados e preparados com estes laticínios) serão sujeitos a taxas adicionais de 25%.
Também a carne de porco (incluindo derivados e produtos preservados, como presunto), ameijoas (em recipientes herméticos e conservadas), berbigões e moluscos vários serão alvo de tarifas adicionais de 25%.
Finalmente, na área das frutas, Portugal pertence ao grupo de países que verá vários produtos com taxas aumentadas em 25%, como citrinos (laranjas, limões, tangerinas, clementinas, frescas ou desidratadas), cerejas (secas), peras (secas ou desidratadas).
Daniel Rosário referiu que Bruxelas está “consciente de que algumas das especificidades da agricultura” podem ser afetadas com estas tarifas punitivas e adiantou que o executivo comunitário “está pronto para atuar, se necessário”.
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