Meta do défice 0% pode “complicar negociações de Costa com a esquerda”, diz o ING
Costa quer chegar ao défice zero no próximo. Maior representação socialista no Parlamento dá-lhe mais poder, mas as contas públicas podem dificultar as negociações para a nova geringonça.
A vitória do PS nas eleições legislativas traz estabilidade ao país, apesar de o partido de António Costa ter falhado a maioria absoluta. Com maior poder no Parlamento, o novo Governo poderá ser mais prudente nas contas públicas, mas o objetivo do défice de 0% pode dificultar as negociações com os partidos à esquerda, segundo acredita Steven Trypsteen, economista para Portugal e Espanha, do banco holandês ING.
“Consideramos que o novo Governo irá provavelmente ter maior prudência orçamental que o anterior“, escreveu Trypsteen, numa nota de comentário às legislativas deste domingo. O PS venceu as eleições com 36,65% dos votos e António Costa disse que vai procurar renovar a geringonça com o BE e a CDU, mas que vai tentar incluir também nesta solução o PAN e o Livre.
“Dado que o partido socialista não teve sucesso em conseguir a maioria absoluta, António Costa terá de procurar um parceiro para encontrar uma maioria parlamentar. Já indicou que as suas preferências continuam a ser a anterior constelação — um governo PS apoiado pelo Bloco de Esquerda e PCP –, mas isso irá depender das negociações”, sublinhou Trypsteen.
O economista do ING lembra que, desta vez, o ainda primeiro-ministro só precisa de um partido para ter maioria, enquanto em 2015 precisava de ambos. Ter mais lugares no Parlamento (106 mandatos) dá ao PS maior margem de manobra para essas negociações. No entanto, as contas públicas poderão dificultar um entendimento.
“O PS conseguiu mais lugares que os partidos de direita juntos, o que aumenta a estabilidade política. Isto também implica que alguns partidos de esquerda poderão abster-se no Parlamento sem colocar em risco a sobrevivência de um Governo PS minoritário”, explica o economista.
Por outro lado, acrescenta que “um tema que poderá complicar o assunto é o foco de Costa na prudência orçamental”. Ao longo da campanha eleitoral, o socialista (que projeta um défice de 0% no próximo ano) defendeu que Portugal tem de manter-se no caminho da consolidação orçamental para resistir à desaceleração económica que se avizinha. “Este foco na prudência orçamental poderá tornar mais difícil que o Bloco de Esquerda ou o PCP apoiem o novo Governo“.
As negociações para a formação do próximo Governo deverão decorrer proximamente já que o Presidente da República vai receber os partidos com representação parlamentar já na próxima terça-feira. Marcelo Rebelo de Sousa vai começar pelo Livre, às 11h30, e terminar com o PS, às 20h00, quando deverá indigitar o primeiro-ministro.
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