Reunião no Banco de Portugal comparou Montepio ao caso BES
Jornal Público relata reunião de março de 2018 em que o tema do grupo Montepio foi discutido de forma acesa entre conselheiros e administração do Banco de Portugal.
Carlos Costa e Elisa Ferreira, governador e vice-governadora do Banco de Portugal, foram confrontados, em reunião do supervisor de março de 2018, pelo conselheiro João Talone sobre o grupo Montepio, com este a afirmar que “se assemelhava a um esquema Ponzi”, comparável ao BES, revela o jornal Público esta segunda-feira (acesso condicionado).
O aviso de João Talone deixou a administração do Banco de Portugal em sobressalto. O membro do conselho consultivo do supervisor sugeriu a interrupção imediata da comercialização de produtos da Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG) aos balcões do Banco Montepio — a venda dos produtos mutualistas nas agências do banco esteve efetivamente suspensa entre fevereiro e agosto do ano passado.
João Talone referiu ainda tratar de “uma realidade que se aproximava da do caso BES/GES. “O que se está a passar no Montepio assemelha-se a um esquema Ponzi, que se rebentar abrirá um buraco de mais de dois mil milhões de euros”, disse João Talone naquela reunião.
Elisa Ferreira, que tem a supervisão dos bancos sob a sua alçada), perguntou se pretendia que “picasse a bolha”, isto é, se pretendia que rebentasse com o grupo, e afirmou que “tinha consciência do problema e que os serviços do Banco de Portugal tinham vindo a recolher muita informação sobre a matéria”. Talone contrapôs: “Não é preciso picar, basta encostar a agulha”. Leia-se: ameaçar.
Na mesma reunião, outro membro do conselho consultivo, João Costa Pinto, também interveio sobre o tema para alertar para a “situação escandalosa” no grupo Montepio. Avisou na altura que “as novas subscrições já não vão servir apenas para pagar as anteriores, e evitar ruturas”.
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