Manuela Ferreira Leite: “Nunca interferi na CGD”
A antiga ministra das Finanças diz ter consciência de que nunca interferiu na CGD. Manuela Ferreira Leite nota que nunca houve motivos para desconfiar da solidez da Caixa.
Manuela Ferreira Leite garante que nunca interferiu na gestão da Caixa Geral de Depósitos (CGD). A antiga ministra das Finanças do Governo de Durão Barroso refere na comissão parlamentar à gestão do banco público que não recebeu qualquer alerta sobre a situação da Caixa.
“Penso que fui muito conservadora na ligação entre o Governo e a administração da CGD. Um ministro da Finanças tutela a Caixa, mas não é administrador do banco. Tenho consciência de que nunca interferi na Caixa“, diz Manuela Ferreira Leite, que ocupou o cargo de ministra das Finanças entre 2002 e 2004, na comissão de inquérito à gestão da CGD.
Ferreira Leite nota que “durante o tempo em que exerci [a função de ministra das Finanças] nunca me chegou qualquer tipo de comunicação” que levasse o Governo a fazer uma observação à gestão da CGD. E porquê? A antiga ministra diz que nunca houve motivos para duvidar da solidez do banco público. “Quando estamos a falar da CGD, estamos a pensar numa instituição que estava acima de qualquer suspeita, com uma situação financeira e económica absolutamente sólida”, explica Manuela Ferreira Leite aos deputados.
"Penso que fui muito conservadora na ligação entre o Governo e a administração da CGD. Um ministro da Finanças tutela a Caixa, mas não é administrador do banco. Tenho consciência de que nunca interferi na Caixa”
Em relação à gestão da administração da Caixa, Ferreira Leite diz que houve prudência. “As provisões eram consideradas exageradas porque cobriam mais de 100%. Por isso, acho que foi uma gestão bastante prudente”, explica.
Sobre o conselho alargado de crédito criado para deliberar a atribuição de créditos superiores a 50 milhões de euros, Ferreira Leite disse nunca ter interferido nessa matéria. “Não haverá ninguém na administração da Caixa que seja capaz de dizer que alguma vez perguntei por uma operação de crédito ou que sugeri qualquer operação de crédito. Nunca o poder político se pode meter nessa matéria“, esclarece aos deputados.
A antiga ministra das Finanças esclarece ainda os deputados que, durante o seu mandato, a CGD registou lucros de 700 milhões de euros por ano. Desse montante, 50% ia para o Estado, o único acionista do banco estatal. Ferreira Leite ainda tentou aumentar este valor para cerca de 60%, mas acabou por não conseguir. “Nem eu fui além de tentar obter uma maior participação, nem ele [presidente da CGD] respondeu a essa vontade”, diz Ferreira Leite, acrescentando que acredita ter defendido o “interesse do país e os interesses da Caixa”.
A comissão de inquérito com Manuela Ferreira Leite segue-se à de Guilherme d’Oliveira Martins, que ocupou o mesmo cargo entre 1999 e 2002. O antigo ministro deixou claro que nem o ministro das Finanças nem o Governo deram quaisquer orientações à administração da CGD em matéria de política bancária. A seguir será a vez de Bagão Félix falar perante os deputados sobre a estratégia adotada na altura para a CGD. A sessão esta marcada para dia 20 de dezembro, às 15h00.
(Notícia atualizada às 16h03)
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