Na despedida de Draghi, BCE mantém juros em mínimos históricos
A decisão era esperada tendo em conta que a taxa de depósitos foi reduzida no mês passado. Draghi poderá ainda dar pormenores sobre o pacote de estímulos na conferência de imprensa que se segue.
Na última reunião com Mario Draghi como presidente, o Banco Central Europeu (BCE) manteve as taxas de juro inalteradas. A decisão de não fazer qualquer mudança era esperada tendo em conta que a taxa de depósitos foi reduzida no mês passado. O banco central manteve ainda o compromisso de relançar o programa de compra de ativos no valor de 20 mil milhões de euros por mês a partir de novembro.
A taxa de referência continua em 0%, enquanto a taxa de depósitos, aplicada ao excesso de liquidez do sistema financeiro do euro, manteve-se em -0,5% e a taxa de juro aplicável à facilidade permanente de cedência de liquidez em 0%.
“O Conselho do BCE espera que as taxas de juro diretoras do BCE se mantenham nos níveis atuais ou em níveis inferiores até observar que as perspetivas de inflação estão a convergir de forma robusta no sentido de um nível suficientemente próximo, mas abaixo, de 2% no seu horizonte de projeção e que essa convergência se tenha refletido consistentemente na dinâmica da inflação subjacente”, anunciou o banco central, em comunicado.
Draghi poderá ainda dar pormenores sobre o pacote de estímulos que terá início em novembro, na conferência de imprensa que se segue. Em setembro, o BCE tinha anunciado alterações aos Targeted Longer-Term Refinancing Operations (TLTRO), operações de financiamento à banca, que serão mais favoráveis, para ajudar a que o dinheiro chegue à economia real.
Em simultâneo, anunciou o reinício do programa de compra de ativos. O BCE vai comprar 20 mil milhões de euros em ativos, no mercado, por mês, a partir de 1 de novembro. A intenção foi agora reafirmada, com o Conselho do BCE a esperar que o programa decorra “enquanto for necessário para reforçar o impacto acomodatício das taxas diretoras e que cessem pouco antes de começar a aumentar as taxas de juro diretoras do BCE”.
Este programa, denominado de Asset Purchase Programme (APP), diferencia-se daquele que esteve em vigor nos últimos anos, o PSPP, em que o alvo eram, nomeadamente, títulos de dívida soberana, o que permitiu uma queda acentuada no custo de financiamento dos países, no sentido de promover o investimento público para relançar a economia do euro.
Esta foi a última reunião do Conselho de Governadores liderada pelo italiano Mario Draghi. O mandato de oito anos à frente do BCE chega ao fim no final deste ano, sendo que a partir de novembro será a francesa e ex-diretora geral do Fundo Monetário Internacional, Christine Lagarde, a presidir o banco central da Zona Euro.
(Notícia atualizada às 12h50)
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