Multinacionais pagam mais 395 euros de salário que as portuguesas

Pagam mais e empregam, em média, mais trabalhadores. São assim as empresas estrangeiras que no ano passado tinham uma filial em Portugal.

O número de filiais de empresas estrangeiras em Portugal aumentou 1,8% no ano passado para 6.825, revelou esta terça-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE). Estas empresas, que empregam quase meio milhão de trabalhadores, pagam em média um salário mensal de 1.354 euros, mais 395 que as nacionais.

Apesar do aumento do número de filiais face ao ano anterior, os dados do INE mostram um abrandamento, já que entre 2016 e 2017 o número de multinacionais tinha aumentado 4,4%.

A tendência de desaceleração é transversal a praticamente todos os setores de atividade, havendo mesmo dois onde o número de filiais estrangeiras se reduziu face ao ano anterior. São eles o comércio (com uma queda de 0,6% entre 2017 e 2018, o que compara com uma subida de 0,2% no ano anterior) e os transportes e armazenagem (um recuou de 0,3% entre 2017 e 2018, o que compara com um crescimento de 4,3% no ano anterior).

Na ponta oposta está o setor do alojamento e restauração, onde o número de filais registou um crescimento superior ao do ano anterior (11% contra 10%) – um movimento em contraciclo que não deverá ser indiferente à evolução do setor do turismo.

Embora este setor tenha apresentado este desempenho favorável ao nível do número de filiais criadas, o Valor Acrescentando Bruto (VAB) por elas gerado está a perder força. “Por atividade económica, os Outros serviços e a Construção e atividades imobiliárias evidenciaram as taxas de crescimento mais elevadas do VAB (+10,7% e +8,9%, respetivamente) das filiais estrangeiras, em 2018. O Alojamento e restauração, que entre 2016 e 2017 tinha apresentado a maior taxa de crescimento do VAB das filiais (+37,9%), registou uma desaceleração no crescimento do VAB (+1,3%) entre 2017 e 2018”, diz o INE.

Com uma dimensão habitualmente superior à das empresas nacionais, as empresas estrangeiras revelam capacidade para empregar um maior número de pessoas. “Em termos médios, cada filial estrangeira empregava cerca de 71 pessoas, em 2018 (+3,3 pessoas face ao ano anterior), número muito superior ao das sociedades nacionais que empregavam em média apenas cerca de 8 pessoas”, escreve o INE.

Mais produtividade. Salário mais alto

Ao mesmo tempo que são mais produtivas quando comparadas com as empresas nacionais, as estatísticas sobre as filias de empresas estrangeiras em Portugal revelam também que estas pagam remunerações mais altas.

“A produtividade aparente do trabalho das filiais estrangeiras aumentou de 43.237 euros em 2010 para 44.487 euros em 2018. Entre 2010 e 2018, as filiais estrangeiras registaram, em média, uma produtividade aparente do trabalho superior à das sociedades nacionais em cerca de 18,1 mil euros”, escreve o INE numa análise a uma série de nove anos.

“Tal como observado para a produtividade, também a remuneração média mensal foi sempre superior nas filiais estrangeiras, em média +394,7 euros do que nas sociedades nacionais. A remuneração mensal por pessoa ao serviço remunerada das filiais de empresas estrangeiras, em 2018, atingiu 1.354 euros, bem acima do valor correspondente para as sociedades nacionais (966 euros)“, afirma o instituto estatístico, acrescentando que o valor do salário médio nas empresas estrangeiras em Portugal atingiu em 2018 o valor mais alto desde 2010.

No entanto, esta diferença de salários entre as filiais estrangeiras e as empresas nacionais, de 388 euros em 2018, encurtou face ao ano anterior, quando esta divergência era de 408 euros.

Os dados do INE mostram ainda que as filiais estrangeiras em Portugal têm taxas de investimento superiores às das empresas nacionais, mas enquanto as primeiros estão a recuar as segundas estão a aumentar.

Analisando a origem das sociedades que escolhem Portugal, o INE revela que 22,1% das empresas têm origem em Espanha, mas são as francesas que geram mais riqueza em Portugal, quando medido pelo VAB (24,7%).

(Notícia atualizada às 12h23 com mais informação)

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