Maria Luís: “Caso da gestão da Caixa dá para escrever um manual do que não fazer”
Antiga ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque diz que Governo não está de todo a resolver problemas da banca.
Maria Luís Albuquerque descarta responsabilidades na atual situação da Caixa Geral Depósitos. A antiga ministra das Finanças refere que o “caso da gestão da Caixa dá para escrever um manual do que não fazer”. Por isso, diz que o “Governo não está de todo a resolver” os problemas na banca. Críticas do Executivo ao anterior Governo? “É para distrair da manifesta incompetência e incapacidade do atual Governo para resolver esses problemas”, afirmou em entrevista ao Jornal de Negócios.
“De momento o Governo não está de todo a resolver. Aquilo a que estamos a assistir no sistema financeiro é um enorme ruído, uma enorme instabilidade. O caso da gestão da Caixa dá para escrever um manual do que não fazer. Está tudo errado”, declarou Maria Luís. “Sendo o maior banco do sistema, isto tem obviamente repercussões negativas para todo o sistema financeiro. Portanto, os problemas não estão a ser resolvidos”, disse.
Maria Luís considera “irónico” que o Governo de António Costa critique o anterior Executivo por causa dos problemas nos bancos. “Porque os problemas do sistema financeiro que nós encontrámos em 2011 de facto são de um Governo de que ele próprio fazia parte, que é o Governo do Engenheiro Sócrates”, disse.
“De facto, a herança do sistema financeiro era pesadíssima. Nós não tínhamos um banco a precisar de capital, tínhamos todo um sistema financeiro que deixou de ter acesso a mercado. Comparar a situação em que este Governo recebeu o sistema financeiro com a situação em que nós o recebemos em 2011, não tem comparação”, frisou.
Mas, olhando em perspetiva, o Governo PSD/CDS poderia ter feito de forma diferente? Maria Luís diz que não: “Não, porque aquilo que nós fizemos relativamente à recapitalização dos vários bancos foi dar resposta às necessidades que foram identificadas, que foram calculadas, seguindo todas as regras. O setor financeiro foi muito acompanhado”.
A antiga responsável da pasta das Finanças salienta que “não se conseguiu resolver tudo, mas resolveu-se imensa coisa”, considerando uma agora uma evidência o facto de que não foram consideradas as reais necessidades quer do setor financeiro.
Em todo o caso, Maria Luís diz que não seria uma possível uma intervenção igual à que a banca espanhola ou irlandesa, cujos resgates serviram para enfrentar os problemas do sistema financeiro daqueles países.
“Portugal não tinha condições, do ponto de vista financeiro para fazer aquilo que fizeram a Irlanda ou a Espanha. Ignorar a circunstância e achar que era uma opção do Governo, para mais um Governo que herdou um programa de ajustamento e um país na situação em que estava… um país à beira da bancarrota não pode ter um sistema financeiro saudável. As duas coisas não são compatíveis”, disse.
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