BCE já vê economia a estabilizar, mas corta projeção de crescimento de 2020 para 1,1%
Christine Lagarde, nova presidente do BCE, atribuiu a perspetiva mais pessimista ao impacto do comércio internacional na indústria europeia. Voltou a pedir aos países que usem excedentes orçamentais.
O Banco Central Europeu (BCE) está mais pessimista sobre a economia europeia no próximo ano. A nova presidente, Christine Lagarde, anunciou esta quinta-feira um corte nas projeções para 2020, ano em que espera agora um crescimento do PIB de apenas 1,1% (menos 0,1 pontos percentuais que na anterior projeção). Mas sublinhou que vê a desaceleração económica a estabilizar.
“Os dados recebidos, desde a última reunião do Conselho de Governadores em outubro, apontam para contínuas pressões nulas de inflação e fracas dinâmicas de crescimento na Zona Euro, apesar de se verem sinais iniciais de estabilização na desaceleração do crescimento e um aumento leve na inflação subjacente em linha com as nossas anteriores expectativas”, disse Lagarde, após a primeira reunião de política monetária que liderou.
Após um crescimento de 1,2% do PIB este ano (revisto em alta em 0,1 ponto percentual), o BCE espera 1,1% em 2020 e 1,4% tanto em 2021 como em 2022.
Já no que diz respeito à inflação, as projeções apontam para uma aceleração de 1,2% este ano, 1,1% em 2020 (0,1 ponto acima da anterior projeção), 1,4% em 2021 (menos 0,1 ponto) e 1,6% em 2022.
“Os riscos para o outlook de crescimento da Zona Euro, relacionados com fatores geopolíticos, aumento do protecionismo e vulnerabilidades nos mercados emergentes, continuam inclinados no sentido descendente, mas tornaram-se menos pronunciados“, defendeu. Por um lado, a indústria europeia está a ser penalizada pelas tensões no comércio internacional. Por outro, os serviços e a construção continuam resilientes.
Política expansionista está a resultar e é para continuar
Face a este cenário, o BCE reafirmou a necessidade de uma política monetária “muito acomodatícia” e o compromisso com a estratégia em curso. Lagarde voltou, igualmente, a incentivar os países da Zona Euro — especialmente aqueles que têm espaço orçamental — usem a política orçamental e reformas estruturais para apoiarem os estímulos.
Em setembro, o banco central relançou o programa de compra de ativos no valor de 20 mil milhões de euros por mês, que começou em novembro e deverão decorrer até “pouco antes” de o BCE começar a aumentar as taxas de juro diretoras. Depois disso, haverá ainda uma fase de reinvestimentos.
No que diz respeito aos juros, o BCE manteve esta quinta-feira a taxa de referência em 0%, enquanto a taxa de depósitos, aplicada ao excesso de liquidez do sistema financeiro do euro, continuou em -0,5% e a taxa de juro aplicável à facilidade permanente de cedência de liquidez em 0%.
Os juros não têm data indicativa para deixarem de estar em mínimos históricos. Após três anos sem alterações, a taxa de juro de depósitos foi cortada em setembro (em 0,1 pontos base). No entanto, para mitigar o efeito deste juro negativo — que na prática significa que os bancos têm de “pagar” pelo dinheiro parqueados no BCE — foi criado um sistema de dois escalões que isenta depósitos até seis vezes os requisitos mínimos.
Apesar dos escalões, a banca tem-se manifestado contra o impacto desta estratégia na rentabilidade do setor. “Nós estamos muito conscientes dos efeitos secundários. Temo-los monitorizado e certamente vamos continuar a fazê-lo“, disse, acrescentando que “a política tem resultado”, especialmente na redução dos custos de financiamento.
(Notícia atualizada às 14h30)
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